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Economia

Há pelos menos 120 mercados informais de produtos alimentares em Luanda

ESTUDO DO ISPTEC APRESENTADO NO CICLO DE CONFERÊNCIAS DO BNA

Os mercados do 30 e Catinton são os grandes grossistas do sector alimentar e servem de abastecimento para outros mercados. Nos mercados informais de Luanda, os preços são voláteis e quando a procura é pouca ou se aproxima o final do dia, os vendedores usam política do "arreiou arreiou", ou seja, preços mais baixos.

Existem mais de 120 mercados informais de bens alimentares activos em Luanda, concentrados maioritariamente nos municípios de Luanda, Belas, Cacuaco, Cazenga e Viana. A conclusão consta do estudo sobre Estudo sobre o Funcionamento do Mercado Informal, feito Centro de Estudos Económicos do Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências (ISPTEC), apresentado recentemente no Ciclo Anual de Conferências do Banco Nacional de Angola (BNA).

O município de Luanda, que detém sete distritos, tem quatro principais mercados alimentantes, nomeadamente, o Catinton, Congoleses, Avô Mabunda e mercado do Prenda. Viana tem três grandes mercados informais de alimentos, o Kilómetro 30, Mamã Gorda e Sanzanza.

No Cazenga, destaque-se o mercado dos Kwanzas e Asa Branca como os grandes fornecedores de comida, enquanto no município de Cacuaco é o do Kikolo que mais fornece bens alimentares. Já em Belas o principal é o do Autódromo. Os municípios do Kilamba Kiaxi e Talatona, têm como principais abastecedores alimentares, respectivamente, os mercados do Palanca e Kilómetro 9 e os mercados da Fubá e do Kifica.

Ainda de acordo com o estudo, os mercados do 30 e do Catinton são os grandes grossistas do sector alimentar e servem de abastecimento para outros mercados. Na maior parte dos mercados, o comércio de bens alimentares é efectuado com um cariz retalhista e micro-retalhista.

O mercado do 30, com cerca de 5.644 vendedores, tem como principais ofertas os produtos do campo (hortaliças), ao que se juntam outros produtos, nomeadamente, animais vivos (galinhas, cabritos, porcos, comércio), enlatados, arroz, açúcar e óleo. Além dos alimentos também se verifica uma grande oferta de materiais escolares, roupas novas e fardos, bem como materiais de construção.

Já o mercado Catinton, com cerca de 2.800 vendedores, além dos vendedores ambulantes, tem 12 pavilhões, e fornece produtos provenientes de outras províncias, comercializados a grosso e semi-grossista. Neste mercado, comercializa-se, essencialmente, hortícolas, frutos nacionais e produtos industrializados, sacos de fuba de bombom, entre outros.

O estudo revela que nestes mercados existem seis grandes cadeias de abastecimento, nomeadamente, comércio do peixe carapau; produtos agrícolas de produção nacional (batata-rena, cebola, feijão, fuba de bombó e tomate); carnes bovinas e suínas de origem nacional; coxa de frango e carne de porco importada; produtos alimentares (açúcar, arroz, cerveja, farinha de milho, farinha de trigo, leite em pó, massa alimentar, óleo alimentar e de palma, ovos e sal) sendo alguns essencialmente nacionais, e a cadeia de refrigerantes e cerveja.

Os produtos como a batata- -rena, carne bovina, cerveja, fuba de bombó, miudezas de vaca, ovos, pão e tomate tendem a ser exclusivamente de produção nacional. Já os bens alimentares como o açúcar, a cebola, o feijão, o arroz, a massa alimentar, a farinha de trigo, a carne de porco, o óleo alimentar e de palma e o peixe carapau são maioritariamente de produção nacional. A coxa de frango, farinha de milho e a massa alimentar são fundamentalmente importados.

Nos mercados informais, os alimentos não perecíveis (aqueles de consistência seca e facilmente armazenados) são os mais procurados pelas famílias de Luanda, tais como óleo alimentar, açúcar, feijão, arroz e massa alimentar, que fazem o top 5 dos alimentos com maior procura por género.

Preços seguem a política do "arreou, arreou"

Nos mercados informais de Luanda, é comum a expressão "arreiou, arreiou", o que implica que os preços estão mais baixos do que fixos. Esta medida é adoptada pelos comerciantes, quando a procura é pouca ou se aproxima o final do dia.

De acordo com o estudo, nos mercados informais, o preço de venda base do produto tende a ser em função do custo de aquisição do produto junto do fornecedor e de outros factores como o custo de transporte, a margem de lucro esperada ou o custo de armazenamento. No preço de venda final predomina a definição de preços fixos, que podem ser alterados em função do processo de negociação, das características dos clientes ou de outros factores mais subjectivos. Nestes mercados, as compras e as vendas, para a totalidade dos produtos observados são efectuadas a pronto pagamento. Não foi identificado nenhum sistema de crédito.

Os últimos números do Índice de preços do consumidor (IPC) calculado pelo do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre inflação de Janeiro, apontam que a classe da Alimentação e bebidas não alcoólicas é a que tem mais contribuído para inflação de Luanda, bem como da nacional, com um com um aumento de 0,47 pontos percentuais, com peso de 55%, seguido dos "Bens e Serviços" que cresceram apenas 0,1 pontos.

Vendedores informais sem interesse no PREI

Os vendedores dos mercados informais, segundo o estudo, têm pouco interesse em passar para sector formal, no âmbito do Programa de Reconversão e Formalização da Economia Informal (PREI), levado a cabo pelo Governo.

De acordo com o estudo, 56% dos inquiridos mostraram não possuir informação sobre o PREI, 14% não querem passar para o sector formal, pelo que dizem haver mais vantagens na sua permanência no sector informal. Outros 7% não acreditam no programa do Governo e 6% afirmaram existir muita burocracia para a formalização da actividade comercial. O restante invoca outros factores.

(Leia o artigo integral na edição 714 do Expansão, de sexta-feira, dia 03 de Março de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)