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Economia

Inflação mensal desacelera e Luanda aproxima-se da média nacional

VARIAÇÃO MARÇO/ABRIL

Apesar das descidas nos preços dos principais produtos da cesta básica, a inflação mensal mantém-se em terreno positivo mas o ritmo de crescimento é menor. Os valores de crescimento em Luanda foram mais baixos e a inflação acumulada na capital aproxima-se da média nacional.

A inflação está a desacelerar, ou seja, a diminuir o ritmo de crescimento mas ainda assim mantêm-se os acréscimos de preços dos principais produtos, de acordo com os dados do INE para o mês de Abril. O que contraria as informações que chegam do mercado, onde nas últimas semanas muito se tem falado de baixa de preços dos principais produtos alimentares, que contribuem com mais de 56% para o valor total deste índice.

"Os números do INE não podem estar certos. Desta vez o erro é por excesso. Não podemos ter esta inflação", começa por dizer o economista Heitor Carvalho, que acrescenta: "A inflação em Angola, se bem calculada, é negativa em 2022. Repito, não conheço nenhum bem ou serviço de produção interna que tenha subido ou descido, significativamente, este ano. Poderá haver mas não são muitos. Por outro lado, todos os produtos importados, da cesta básica ou não, desceram significativamente. Logo, estamos em deflação!".

No entanto, o INE aponta para uma variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) Mar/Abr de +1,2% no total nacional e +0,97% na província de Luanda. O impacto do menor crescimento mensal desde o início do ano, reflecte-se depois na inflação homóloga - soma dos índices dos doze últimos meses - tendo passado de 30,54 para 26,85% desde Janeiro em Luanda, e de 27,66 para 25,79% no total nacional.

Uma curiosidade tem a ver com o facto de a província de Luanda ter, em 2022, acréscimos abaixo da média nacional, contrariamente ao que aconteceu em 2021, sendo que em Abril o crescimento do IPC da capital foi o quarto mais baixo, apenas superado pela província do Bié (+0,95%), Uíge (+0,90%) e Moxico (+0,82%). No lado contrário da tabela está a província da Huíla, que teve o maior crescimento (+1,58%), o Cunene (+1,55%) e Cabinda (+1,55%). Esta tendência está a aproximar a inflação homóloga de Luanda da média nacional, quando em Dezembro de 2021 a diferença era de +3,30% e no final de Abril de 2022 apenas +1,06%.

No equilíbrio dos preços, certamente que muito tem contribuído a baixa dos produtos da cesta básica, em alguns casos mais de 30% como aconteceu com o saco de arroz ou com o óleo alimentar. Para alguns especialistas é já um reflexo da constituição da Reserva Estratégica Alimentar (REA). Mas Heitor Carvalho discorda desta análise: "Como é óbvio esta descida deve-se à taxa de câmbio e não, como se anda por aí a dizer, à REA. Se fosse por efeito da REA só desceriam os preços que a REA comercializa e não todos os produtos de importação, quer sejam da cesta básica como não".

De acordo com o responsável do Cinvestec, o impacto da REA só pode ver-se nas margens de comercialização: "Segundo o responsável do Entreposto, os principais grossistas estavam a praticar dumping, baixando a margem média de 7% para 3% com o objectivo de ficarem sós no mercado. A REA, com todo o peso do Estado, conseguiu inviabilizar este objectivo dos grandes importadores. A prazo foi bom, mas, no imediato, os preços grossistas subiram 4% porque a margem voltou a passar de 3% para 7%".

(Leia o artigo integral na edição 675 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Maio de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)