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Economia

Novas medidas dependem da acção entre o Estado e o regulador

12º Fórum Banca Expansão

TITO TAVARES, Financial Services Senior Manager da PwC Angola, recordou que o sistema financeiro só será bem-sucedido na aplicação das medidas se houver uma estratégia conjunta entre as diversas instituições financeiras, sendo que "um banco de forma individual nunca conseguirá deter e sanar todas as situações"

Durante a sua intervenção no XII forum Banca Tito Tavares, financial Services Sénior Manager da PwC Angola, apontou os desafios futuros da banca nacional, as motivações que levaram o GAFI a fazer uma avaliação ao sector financeiro angolano e melhoria da eficiência na implementação das medidas orientadas pelo regulador. Explicou que 70% das transacções mundiais da mobile whalen [operações financeiras por telemóvel] acontecem em África, uma das questões despoletou preocupação ao GAFI em saber de Angola que procedimentos têm as instituições financeiras implementado para garantir que existe a identificação de transacções suspeitas quando efectuadas nestas aplicações.

"Não interessa apenas ter um conhecimento do nosso cliente, temos de ter mecanismos para identificar, de forma automática, transacções suspeitas, não pelos canais convencionais, particularmente as operações efectuadas pelos novos canais digitais que estão em voga no país", argumentou o especialista.

Segundo Tito Tavares, o sistema financeiro como um todo só poderá ser bem-sucedido na aplicação destas medidas se houver uma estratégia conjunta entre as diversas instituições financeiras, sendo que "um banco de forma individual nunca conseguirá deter e sanar todas as situações. Será muito mais eficiente se ele contar com uma rede de instituições financeiras que ajudem a identificar este tipo de transacções ou clientes com práticas suspeitas", refere o financial sénior Manager da PwC Angola. Mas isso só é possível com a existência de uma unidade financeira a coordenar.

No caso de Angola, é a UIF que articula estas operações com outras instituições financeiras e foi preocupação do GAFI perceber estas ligações. A forma como as instituições se relacionam no nosso mercado, desenvolvendo mecanismos de colaboração na detecção de casos suspeitos, partilhando informações e agindo de forma rápida, são igualmente importantes.

Apesar de ainda haver um trabalho árduo pela frente, no que se refere à implementação das recomendações do GAFI, as instituições financeiras angolanas já têm caminho percorrido, nomeadamente, o papel importante que o banco central tem tido ao alinhar as práticas do sistema financeiro angolano com as melhores práticas internacionais e a preocupação do supervisor com o compliance de forma a tornar o País mais credível a nível internacional.

O consultor sénior da PwC Angola, encorajou as instituições financeiras a continuarem com a implementação destes tópicos inovadores, sem descorar a importância organizacional e a desburocratização do processo, centralizando operações com ajuda de uma equipa que saiba dar suporte ao tratamento das informações, rapidez na resposta do cliente para tirar proveito de uma boa relação comercial, implementação de controlo interno, recurso a ferramentas de alerta, criação de arquivo digital, e implementação de canais de denúncia para reportar situações de alarme.

Salienta que, para melhor eficiência na implementação destas medidas, "é importante uma acção conjunta entre o Estado e o regulador, para que criem condições como a centralização de ferramenta para consulta de informação, legislação específica para processos digitais, criação de um pacote regulamentar que dê eficiência às operações digitais, melhorar a legislação sobre o limite do montante em transacções automáticas, e detalhar o conceito de PEP ou identificá-los por nível de risco".

Com estes medidas e outras que estão a ser tomadas pelas instituições financeiras com base nas orientações do BNA, é expectável que Angola mereça um voto de confiança da equipa de auditoria do GAFI quando, no final do ano, saírem os resultados da avaliação, defendeu Tito Tavares.