Banco Sol vai cortar até 510 trabalhadores até 2027
Plano de Recapitalização e Reestruturação obriga a um aumento de capital por parte dos accionistas, mas também ao encerramento de agências com baixa rentabilidade, redução de 30% dos trabalhadores, alienação de activos imobiliários e o reforço da recuperação de crédito malparado.
O Banco Sol já começou a pôr em marcha o Plano de Recapitalização e Reestruturação (PRR) 2025-2027, que resultou no enceramento de 39 balcões em 10 províncias. O PRR não é público, mas a instituição bancária já avançou que vai reduzir até 30% do número de trabalhadores.
De acordo com as demonstrações financeiras do banco, até ao final do exercício económico e financeiro de 2024 o Sol tinha 1.701 trabalhadores, o que significa que até conclusão do PRR em 2027, o banco poderá dispensar até 510 colaboradores, de acordo com cálculos do Expansão.
Ainda não há dados públicos sobre o número actual de balcões, já que o banco ainda não divulgou o relatório de gestão relativo a 2024, onde, normalmente, consta este indicador. Apenas no relatório e contas de 2023, a instituição bancária aponta que tinha 157 balcões distribuídos por 18 províncias.
O Expansão solicitou ao Banco Sol informações sobre o número de colaboradores a serem despedidos em função do encerramento dos 39 balcões e sobre os números de balcões actuais, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta.
Entretanto, numa nota divulgada recentemente, o banco aponta que procurou, dentro das exigências, que o processo de despedimento decorresse com elevado sentido de respeito, transparência e responsabilidade social. "O nosso banco atravessa um momento desafiador e decisivo, que exige de todos nós coragem, maturidade e um profundo sentido de responsabilidade", refere o documento.
Mas o Expansão soube que os colaboradores despedidos terão um encontro com Sindicato nacional dos Empregados Bancários de Angola (SNEBA) na próxima semana para avaliar a proposta compensatória proposta do banco.
O facto é que durante muitos anos o banco teve uma elevada exposição da carteira de crédito com altos níveis de malparado, o que levou, por exemplo, em 2020, o BNA a fazer uma inspecção in loco. Abuso de confiança e conflitos de interesses na concessão de crédito estavam entre as suspeitas que recaiam sobre a antiga gestão, deixando o banco com "buracos", que obriga agora a uma limpeza profunda no seu balanço.
Assim, o banco dirigido por Osvaldo Macaia (CEO desde 2024) tem de reduzir ao máximo os custos operacionais e tornar a actividade o mais eficiente possível. Só para se ter noção, em 2024, de acordo com a Deloitte, o Sol registou um rácio cost-to-income (Custos de Estrutura / Produto Bancário) de 103%, o que significa que o banco gasta mais do que acarreta em receitas.
Aliás, o próprio CEO disse, em entrevista ao Expansão em Março, que o nível de produtividade por colaborador (colaborador por produto bancário) é dos mais ineficientes do mercado. "Se comparamos colaborador pelo número de agências pela capacidade de alavancar depósitos, também devemos ser dos mais ineficientes", referiu.
Accionistas devem aumentar capital
Assim, entre as novas medidas do PRR, estão o aumento de capital por parte dos accionistas, essencial para reforçar a sua estrutura financeira e assegurar o cumprimento dos rácios prudenciais exigidos pelo BNA, com realce para o rácio de fundos próprios, bem como o encerramento de agências com baixa rentabilidade (processo que já está em curso). Está igualmente a decorrer um processo de alienação de activos imobiliários não essenciais e o reforço da recuperação de crédito malparado e da captação de novos depósitos.
Leia o artigo integral na edição 830 do Expansão, de Sexta-feira, dia 13 de Junho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)