Lucros da banca crescem 35% para 755,5 mil milhões Kz nos primeiros nove meses do ano
O salto nos lucros foi influenciado pelo retorno com o aumento dos investimentos em títulos de dívida pública e com os cambiais. O BAI continua a ser o banco com o maior desempenho, já que os seus lucros subiram 138% para 146,7 mil milhões Kz, o seu o maior lucro de sempre. É também o líder em activos.
Os 20 bancos comerciais que operam no sistema financeiro nacional contabilizaram, nos primeiros nove meses deste ano, um lucro conjunto de 755,5 mil milhões Kz (cerca de 828,5 milhões USD), o que representa um crescimento de 35% face aos 561,4 mil milhões Kz registados no mesmo período de 2024, de acordo com cálculos do Expansão com base nos balancetes do III trimestre das instituições bancárias.
Sem surpresa, os números foram influenciados pelo crescimento dos títulos de dívida pública nas suas carteiras de activos, o principal instrumento de investimento da banca angolana, já que estes cresceram 24% para quase 9,0 biliões Kz. Os títulos representam 35% dos activos totais da banca, o que demonstra que os bancos continuam a preferir aplicar os seus recursos em dívida pública em detrimento do crédito à economia.
Tal como explica o economista e consultor financeiro Alberto Vunge, não houve nada de disruptivo que traga novidades na forma como os bancos criam riqueza. "São os mesmos produtos e serviços. Salta à vista que houve um crescimento importante na aplicação em títulos públicos e mais crédito. Essa expansão ou alocação de mais recursos em activos produtivos explica, em parte, a expansão da riqueza criada pelo sector", explicou.
Assim, para o consultor, o produto e activo típico de um banco que opera numa economia e sistema financeiro desonerados dos constrangimentos que temos é o crédito. "Infelizmente, nós não vivemos este cenário de normalidade. Aliás, a actividade bancária core, a de captar depósitos e conceder créditos, é procíclica em relação às fases da economia. E digo mais, a banca está em fase de conservação de capital. A estratégia hoje é de conservar capital, ainda que à custa de alguma rentabilidade, que cruza o negócio bancário mundial, em resposta às novas exigências de capitais necessários para se aplicar recursos em activos de alto risco, como é o caso dos créditos", acrescenta.
O economista Wilson Chimoco segue a mesma linha de pensamento, e aponta que a banca está acomodada com os investimentos em dívida pública. "Os Títulos do Tesouro ainda representam o melhor negócio para a banca angolana. Mesmo com a redução que se tem assistido nas taxas de juro dos títulos públicos, o trinómio rentabilidade, risco e liquidez, ainda é favorável aos títulos, pelo que os bancos se sentem con formados em expor os seus balanços ao Estado", declarou.
BAI lidera principais indicadores e maior lucro de sempre
Assim, o BAI foi o banco que mais contribuiu para o crescimento agregado dos lucros da banca nos primeiros nove meses deste ano. O banco liderado por Luís Lélis viu os resultados líquidos disparem 138% para 226,0 mil milhões Kz, (+131,1 mil milhões Kz), ou seja, os lucros mais do que duplicaram. Assim, o maior banco (em activos) da praça acomoda o título de campeão dos lucros, depois de ter destronado o BFA, que durante muitos anos foi o banco que mais gerou resultados líquidos positivos.
Ainda no ranking dos que mais lucraram está, precisamente, o BFA liderado por Luís Gonçalves, que registou um crescimento de 18% do lucro para 173,8,0 mil milhões Kz, e o Standard Bank Angola (SBA) de Luís Teles (CEO), que viu os lucros passarem de 90,9 mil milhões Kz para 112,2 mil milhões, o que presenta um aumento de 24%. Contas feitas, estes três bancos concentram 68% do total
Leia o artigo integral na edição 853 do Expansão, sexta-feira, dia 21 de Novembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)











