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Remuneração dos mediadores cresce, apesar da queda de 22% na mediação

DADOS DE 2024 PUBLICADOS PELA ARSEG

Representa apenas 5% dos prémios vendidos em Angola, quando as comissões cobradas oscilam entre os 12 e os 20%. Ainda há um longo caminho a percorrer para que os mediadores, colectivos ou individuais, tenham um peso significativo nas vendas, tal com acontece em mercados mais evoluídos.

A remuneração dos mediadores colectivos do sector segurador voltou a crescer em 2024, fixando-se em 23.566 milhões Kz, o que representa uma variação positiva de 20% face ao período homólogo e 5% do total de prémios produzidos no mercado, segundo cálculos do Expansão com base no mais recente relatório estatístico da ARSEG.

Apesar do crescimento, a proporção das comissões no volume total de negócios continua praticamente estagnada, revelando o peso ainda reduzido da mediação num mercado dominado por contratos directos entre seguradoras e grandes empresas. No detalhe, as comissões no ramo Vida atingiram 343,2 milhões Kz, o que corresponde a 1% do total.

A explicação mantém- -se: a maior parte das apólices deste segmento é subscrita directamente nos balcões ou via canais digitais das seguradoras, sem intervenção de mediadores. Já o ramo Não Vida continua a ser o grande motor da intermediação, distribuindo 23.222 milhões Kz em comissões, o equivalente a 99% do total pago ao universo de mediadores.

A responsabilidade civil geral foi novamente o ramo que mais contribuiu para as remunerações, com 6.933 milhões Kz, reforçando a sua importância como resultado directo da obrigatoriedade imposta pelo Ministério das Finanças, que exige a contratação de seguros de responsabilidade civil para todas as empresas que celebram contratos com o Estado. Fontes do sector explicam que, desde a implementação dessa regra, em 2022, o ramo registou um crescimento acumulado superior a 80%, transformando-se num dos mais rentáveis para os mediadores.

Outro factor de impulso é a aplicação da política de conteúdo local no sector petrolífero, que passou a exigir a apresentação de apólices válidas de responsabilidade civil e riscos operacionais como condição para certificação de prestadores de serviços. Essa exigência fez aumentar substancialmente a procura de seguros corporativos e abriu novas oportunidades para os mediadores que operam com empresas ligadas à cadeia do petróleo e gás.

Em segundo lugar surge o ramo "outros danos em coisas", que abrange seguros multirriscos e de transporte, com comissões no valor de 4.644 milhões Kz, seguido do automóvel, que distribuiu 4.263 milhões Kz. Surpreendentemente, os ramos doença (2.575 milhões Kz) e petroquímica (1.122 milhões Kz), apesar de liderarem em volume de prémios, têm um peso reduzido de 7% no total das comissões, reflexo do baixo nível de intermediação.

De acordo com operadores do mercado, os seguros de saúde e petroquímicos são altamente concentrados e, na maioria dos casos, subscritos directamente entre as empresas e as seguradoras, o que reduz substancialmente a remuneração dos mediadores.

"Os grandes contratos da petroquímica e da saúde são negociados directamente com as seguradoras, sem espaço para intermediação. Por isso, mesmo sendo ramos de forte produção, quase não geram comissões", explicou ao Expansão um gestor de corretora local.

Falta de uma política de incentivo à mediação

Para Adriano Gomes, corrector de seguros, o segmento da mediação ainda tem grande margem de crescimento, mas precisa de uma visão estratégica por parte do regulador, que reconheça o papel dos mediadores como agentes de literacia financeira. "Nos países onde a intermediação é obrigatória, há maior penetração de seguros. Se a ARSEG adoptasse essa política, o número de apólices cresceria exponencialmente", defende o especialista.

Leia o artigo integral na edição 852 do Expansão, sexta-feira, dia 14 de Novembro, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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