Novas refinarias continuam sem entrar em funcionamento
Nos últimos 10 anos foi anunciado a construção de cinco refinarias e avançados dezenas de prazos para a entrada em funcionamento dos projectos. Mas está tudo como antes, apenas com a refinaria de Luanda a funcionar.
Em 2015, ainda no governo de José Eduardo dos Santos, foi anunciada a construção da refinaria do Soyo, na altura numa parceria da CIF e da Sonangol, e que foi suspensa devido à detenção do accionista principal, o chinês Xu Jinghua "Sam Pa", do China International Fund (CIF). Este projecto foi depois recuperado por João Lourenço, entregue a um consórcio liderado pela empresa Quanten, por concurso internacional, que afinal não tinha capacidade de investimento, pelo que o processo vem-se arrastando, uma vez que o consórcio ainda não garantiu os 3,5 mil milhões USD que são necessários para fazer o projecto.
Em 2022, o Presidente da República, e posteriormente o PCA da Sonangol, avançaram que a refinaria estaria a funcionar no segundo semestre de 2026. Mas, por enquanto, pouco mais se fez do que os trabalhos de terraplanagem.
Também em 2015 foi anunciado a construção de uma refinaria no Bengo, com uma capacidade de 400 mil barris/dia, um projecto que foi suspenso com a entrada na presidência de João Lourenço, para nunca mais ser retomado.
O antigo presidente José Eduardo dos Santos autorizou, em Março de 2017, duas empresas russas a construírem uma refinaria de petroquímica na província do Namibe, num investimento avaliado em 12 mil milhões USD. O projecto previa ainda a criação de uma linha férrea que ia unir Moçâmedes e Benguela, de acordo com um despacho presidencial de 9 de Março.
Segundo o contrato assinado com a Unidade Técnica de Investimento Privado (UTIP), em representação do Estado, o projecto ia ser executado pela NAMREF, sociedade veículo do investimento, a constituir pelos dois grupos russos, sendo que 75% do investimento pertencia à Rail Standard Service e 25% à Fortland Consulting Company. Deveria estar a funcionar em pleno em 2028, com uma produção de 400.000 barris de petróleo/dia. O projecto foi abandonado em 2019.
Já a "odisseia" da refinaria de Cabinda começou em 2017, quando se iniciou o concurso internacional para a construção e gestão da infraestrutura, tendo sido entregue primeiro à empresa United Shine (do empresário russo-israelita Arcadi Gaydamak). O concurso foi cancelado e o projecto entregue por adjudicação directa à Gemcorp a 30 de Outubro de 2019, que ficou com 90% e os restantes 10% para a Sonangol. Na altura, o custo estimado era de 300 milhões USD e o prazo para conclusão da primeira fase era 18 meses, ou seja, Abril de 2021. Passou depois para um custo de 470 milhões USD e o prazo de entrada em funcionamento foi dilatado para o final desse mesmo ano. Em Outubro de 2021, foi anunciado que afinal ia custar 920 milhões USD, a que se juntavam mais 30 milhões USD para a construção de dois pipelines de gasóleo da refinaria para o Terminal Oceânico de Cabinda, e o prazo passou para o final do 1.º trimestre 2022. O projecto já teve mais de cinco datas de inauguração - final do primeiro semestre de 2022, final do ano de 2022, final do ano de 2023, final do ano de 2024 e por último, final do primeiro semestre de 2025. Algumas destas datas foram anunciadas pelo próprio Presidente da República, outras pelo ministro da tutela ou pelo PCA da Sonangol. Numa primeira fase irá produzir 30 mil barris/dia e, quando estiver a funcionar em pleno, 60 mil barris/dia. Mas, por enquanto, continua sem entrar em funcionamento.
A refinaria do Lobito foi apresentada oficialmente em 2002. Em 2006 começaram os estudos de viabilidade. Em 5 de novembro de 2008, a Sonangol assinou com a empresa norte-americana Kellogg, Brown and Root (KBR) um contrato para estudos de engenharia de pré-detalhamento da refinaria, seguido em 9 de Dezembro de 2008 por um contrato para gestão, compras e construção - contratualizações que acabaram por não ser executadas posteriormente.
Depois teve um outro projecto que tinha a "mão" de Isabel dos Santos, que foi suspenso por estar supostamente sobrevalorizadoado. Depois de muitas voltas, a 21 de Outubro de 2023, a Sonangol assinou contratos com a empresa chinesa CNCEC (para EPC), KBR (supervisão) e com a DAR (consultoria técnica), lançando o projecto de construção, que prevê um investimento de 6 mil milhões de dólares. Nesta altura, a petrolífera nacional procura parceiros, sendo que o governo da Zâmbia é um dos possíveis interessados. Foi garantido pelo PCA da Sonangol que estará em funcionamento até final de 2027.