Saltar para conteúdo da página

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

Sector segurador continua pequeno, estagnado e pouco explorado

É O QUARTO NO CONSECUTIVO QUE A TAXA DE PENETRAÇÃO ESTÁ ESTAGNADA

Há quatros anos consecutivos que a taxa de penetração de seguros se mantém estagnada num valor a rondar os 0,6% do PIB. São necessárias acções concretas, maior investimento em comunicação e literacia e um trabalho transversal na fiscalização dos seguros obrigatórios.

O sector segurador nacional, em termos de emissão de prémios, registou um crescimento de 25% para 478.189 milhões Kz em 2024 mas, apesar deste crescimento, o sector continua pequeno e pouco explorado, pelo facto da taxa de penetração sobre o Produto Interno Bruto (PIB) estar estagnada em 0,6%.

Esta taxa contraria os objectivos do regulador que é atingir a taxa média da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) que está à volta dos 3%, liderada pela África do Sul com uma taxa de 11,3%, seguido da Namíbia e Zâmbia. Estes são países anglófonos, onde a tradição dos seguros tem alguma força.

O quarto ano consecutivo da estagnação da taxa de penetração dos seguros pode ser explicado por diferentes formas, entre as quais, o facto de a economia estar a crescer a níveis muitos baixos, as empresas e os particulares terem dificuldades acrescidas no rendimento disponível, num ambiente de crise que se estende a vários sectores. No entanto é importante salientar que em 2024 o País teve o maior crescimento económico dos últimos 10 anos, 4,4%, mas para este ano as previsões do Banco Mundial apontam para um crescimento de apenas 2,3% e o FMI para apenas 2,1% (ver pág. 32).

Por outro lado, os operadores do mercado também entendem que esta estagnação pode ser explicada pela pouca agressividade comercial associada ao pouco investimento que é realizado no sector segurador, nomeadamente para desenvolver a literacia nos seguros e a criação de produtos que vão ao encontro das necessidades dos clientes. Neste aspecto, os microseguros podem ser importantes, não tanto pelo volume de negócios, mas como porta de entrada de muitos cidadãos para o "mundo" dos seguros.

Acções concretas

Pedro Gaspar, antigo administrador da correctora Meu Seguro sublinhou que a taxa de penetração tem estado com frequência nos discursos dos operadores do mercado, mas não se nota qualquer evolução, ou seja, as pessoas e a economia continuam inseguras e sem protecção contra os riscos, porque uma taxa baixa da penetração indica claramente uma exposição maior ao risco. "A taxa de penetração não vai aumentar apenas com discursos e mais discursos precisa-se de acções concretas direccionadas neste caminho para que possamos dizer que valeu a pena. Quatro anos estagnado é muito tempo. É urgente uma análise profunda. É preciso ousadia para se apostar na criação de produtos que vão ao encontro das necessidades dos clientes e, sobretudo, apostar nos canais de distribuição dos seguros", explicou.

Por outro lado, o especialista lembra ainda que uma taxa baixa também é resultante da falta de uma cultura de seguros e insuficiências na fiscalização dos seguros obrigatórios, por isso, acredita que as condicionantes estão identificadas e fica mais fácil combatê-las.

Literacia

Para Encarnação Casaca, advogado e consultor de seguros, faz todo sentido que as pessoas comecem a fazer uma avaliação das razões que levam com que essa taxa de penetração se mantenha abaixo de 1%, porque são várias variáveis que concorrem para esta situação.

"A primeira variável tem a ver com a questão da literacia. Aliás, essa questão da literacia é muito discutida, na medida em que se as pessoas não têm conhecimento, não têm cultura de seguro, certamente não vão subscrever o seguro", explica o especialista.

"Ou seja, é preciso fazer também um paralelismo nessa primeira variável com a questão do índice de pobreza. O índice de pobreza elevado tem directamente impacto na taxa de penetração, porque a matemática diz que os números se relacionam. O índice de pobreza também é uma das causas que contribui para essa primeira variável, e tem a ver com a literacia. Naturalmente, se as pessoas têm património, as pessoas vão subscrever, porque as pessoas têm interesse em proteger o seu património", acrescenta.

Por outro lado, o especialista aponta que a outra variável que também concorre para esta estagnação é a impunidade das disposições regulamentares, ou seja, a cultura de incumprimento das disposições regulamentares por parte das empresas e dos cidadãos é quase generalizada, pois nem os seguros obrigatórios são subscritos.

Leia o artigo integral na edição 848 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Outubro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo