Foi apresentada a semana passada, em Luanda, a primeira Sociedade Distribuidora de Valores Mobiliários a operar em Angola, a Áurea SDVM, S.A., ligada ao BAI e que tem com PCA Ana Regina Victor. "Pretendemos ser uma instituição de referência e inovadora no mercado angolano, contribuindo para a promoção e desenvolvimento do mercado de capitais, bem como a interacção com outras praças regionais e grandes praças internacionais".

Recorde-se que havia um prazo até ao final do ano para que os bancos comerciais deixassem de ter licença para operar no mercado de capitais como correctoras e distribuidoras de valores mobiliários, situação que levou os maiores bancos a prepararem novas sociedades especializadas na gestão de valores mobiliários, sendo que neste particular apenas o BAI conseguiu cumprir o desiderato dentro do prazo, tendo para o efeito transformado a Sociedade Gestora de Organismos de Investimento Colectivo, BAI Gest, em distribuidora.

Uma solicitação que, segundo apurou o Expansão, foi feita pela primeira vez ao regulador ainda em finais de 2021. Um processo que decorreu sem sobressaltos, mas as outras principais instituições financeiras não o conseguiram porque, segundo fonte do Expansão, não deram entrada dos processos de solicitação de registo e constituição atempadamente, tendo pressionado a CMC a alargar este prazo. O que na verdade veio a acontecer por mais um ano.

A Áurea, apesar da ligação ao BAI, entra no mercado para trabalhar com todos os clientes e com todos os bancos e pretende prestar os serviços usando a rede de balcões dos outros bancos. Esse tem sido também um trabalho importante da equipa de gestão da nova sociedade, uma vez que alguns são levados a pensar que seria apenas para os clientes do banco.

Na apresentação oficial pôde ler-se: "O foco de actividade da Áurea é a originação e estruturação de operações financeiras em mercado primário e a negociação de valores mobiliários em mercado secundário. Entre os seus serviços, a Áurea conta também com valências na assistência em ofertas públicas e consultoria sobre a estrutura de capital, actuando também no segmento de Pequenas e Médias Empresas da BODIVA".

De acordo com o seu PCE, Kelson Cardoso, a empresa compromete-se também a ser "a grande parceira do mercado de capitais", comprometendo-se a dar um contributo relevante para o sector financeiro em três vertentes - incremento da literacia financeira do País, aumento da oferta e produtos e acesso mais facilitado ao mercado por via das plataformas digitais.

A criação de sociedades distribuidoras de valores mobiliários surge devido à alteração da Lei nº14/21 de 19 de Março que aprova o Regime Geral da Instituições Financeiras, impondo a transferência dos serviços e actividades de investimento hoje prestados por instituições financeiras bancárias no mercado de capitais, para sociedades distribuidoras ou corretoras de valores mobiliários.