Resultados operacionais da Sonangol caem 8% para 3.390 milhões de dólares em 2024
O ano passado fica marcado pela descida dos resultados da empresa, que resultam da queda em 940 milhões USD dos proveitos operacionais, ainda que os custos também tenham caido. Investimentos e dívida subiram.
Os proveitos operacionais da Sonangol em 2024 caíram 8,2% para 10.543 milhões USD face aos 11.483 milhões USD registados em 2023, enquanto os custos operacionais também caíram 8,5% para 7.153 milhões USD, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados divulgados esta semana pela petrolífera nacional. Ainda assim a margem EBITDA manteve-se nos 32%.
Contas feitas, os resultados operacionais encolheram 7,5% ao passar de 3.666 milhões USD em 2023 para 3.390 milhões USD no ano passado. Assim, os lucros antes de impostos, juros e amortizações (EBITDA) caíram 277 milhões USD no ano passado (ver gráfico).
O ano passado fica ainda marcado pelo crescimento de 15,4% do stock da dívida, equivalente a mais 603 milhões USD face aos 3.917 milhões USD registados em 2023. A crescer esteve também os investimentos feitos pela petrolífera nacional, com uma subida de 16,4% para 2.385 milhões USD.
A empresa refere que o ano de 2024 ficou marcado por "inúmeros desafios", destacando a "instabilidade no ambiente geopolítico e consequente impacto no comportamento dos mercados, com uma redução do preço do petróleo das ramas comercializadas pela Sonangol", que baixaram de um preço médio de 82,04 USD em 2023 para 80,09 USD em 2024. Ainda assim, a empresa produziu 201 mil barris de petróleo por dia, superior aos 200 mil/dia produzidos em 2023.
Em termos de quota de produção operada esta sofreu um ligeiro crescimento ao passar de 2,05% em 2023 para 2,12% no ano passado. A China continua a ser o maior comprador do petróleo da Sonangol, seguido da Índia.
Durante a apresentação do balanço anual da empresa, que decorreu esta terça-feira, o PCA da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins, avançou que a petrolífera se está a preparar para iniciar o processo de privatização de 30% do seu capital social em bolsa, salientando que há ainda questões por resolver, como os subsídios aos combustíveis que pesam nas contas da empresa. "A empresa é mesmo do Estado e aquilo que tiver que fazer vai depender da decisão que o Estado tomar, suportada por recomendações que vamos levar, fruto do trabalho que estamos a realizar", sustentou.
Presente na iniciativa da Sonangol, o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, defendeu que o excesso de trabalhadores da empresa é um dos problemas a ultrapassar para se avançar com a privatização. "Falei dos mais de 2.000 trabalhadores que a Sonangol tem de excedente. Esse é um dos aspectos endógenos que cabe à Sonangol resolver no âmbito da sua restruturação e preparação para ida à bolsa. Excesso de pessoal, a questão de alguns activos e passivos que não servem a empresa, a questão de termos a Sonangol a produzir mais petróleo... Preocupa bastante", alertou o ministro.
Actualmente, a empresa tem 7.724 "colaboradores activos", de acordo com a apresentação da Sonangol que decorreu esta semana.