Sete casos de sucesso mwangolé na "Bíblia" do marketing
São sete os casos de marcas angolanas analisados no Mercator da Língua Portuguesa, que é lançado na sexta-feira, no HCTA, em Talatona, numa conferência promovida pelo Expansão.
Angonabeiro - Desde 2000 a impulsionar a fileira do café
Na Delta, a aposta nos mercados internacionais em regime de presença directa traduz um dos pilares estratégicos de crescimento da empresa - a internacionalização.
O Grupo Nabeiro e a Delta Cafés mantêm uma forte e antiga ligação com Angola, que remonta à época em que o País ocupava já um lugar de relevo na produção mundial de café.
Quando Angola iniciou o seu processo de pacificação, em finais dos anos 90, a Delta Cafés foi convidada pelo Governo de Angola para colaborar na reabilitação e reactivação de uma antiga unidade industrial, com o objectivo de relançar a marca de café Ginga, com produção de café angolano.
Criada em 1998, a Angonabeiro é hoje uma das principais empresas de referência distribuidoras de produtos de bens de grande consumo em Angola; a marca Ginga é também assumidamente uma marca de África produzida em Angola.
Com a unidade fabril para a produção de café Ginga, a empresa comercializa também as marcas detidas pelo grupo - Delta Cafés, Delta Q, Adega Mayor, Agrodelta, Deltea e ainda outras marcas do sector alimentar. Na linha de uma relação estreita com os mercados e com a cultura local, a Delta, através da Angonabeiro, pretende continuar a crescer no mercado local.
Ilação para a gestão: o respeito pela cultura local é um factor que pode alavancar o sucesso.
BFA Oil & Gas - Segmentação de mercado
Com mais de 1,2 milhões de clientes em Angola, 180 balcões e cerca de 2.400 colaboradores, o Banco de Fomento Angola (BFA) é o segundo maior banco privado do País, onde opera desde 1990.
Na sequência da obrigatoriedade de as operadoras petrolíferas efectuarem os pagamentos de todos os encargos tributários, bens e serviços a partir de uma instituição financeira domiciliada em Angola, o BFA desenvolveu uma oferta de valor segmentada para as empresas do sector petrolífero, com as seguintes prioridades:
1. Acompanhamento especializado, através da criação dos Centros de Empresas Oil & Gas - Operators e Oil & Gas -Vendors, dirigidos a operadores e prestadores de serviços, para a prestação de um nível de serviço de excelência e equipas com dedicação exclusiva;
2. Eficiência operacional, dotando a sua estrutura de um sistema automatizado straight through processing (STP) para o processamento de transacções em série, sem intervenção humana, privilegiando a eficiência e a rapidez na execução das operações.
3. Solidez e segurança, traduzidas em activos superiores a 9,4 mil milhões USD, um rácio de solvabilidade regulamentar de 23,1% (mínimo exigido pelo BNA é de 10%) e uma elevada liquidez (60% dos activos com maturidade inferior a um ano).
Ilação para a gestão: Tipificar, distinguir e tratar de forma diferente os clientes com necessidades específicas é a trave-mestra de uma estratégia bem-sucedida.
Blue - De Angola para o mundo
A Blue - marca de refrigerante de frutas - nasceu em 2005, numa altura em que Angola se encontrava a sair de um difícil período da sua história. Com várias medalhas ganhas em concursos internacionais, a marca destaca- se pela inovação com que tem conseguido afirmar-se no mercado angolano e noutros para onde se internacionalizou.
A assinatura da marca reflecte bem o incentivo comportamental desejado: A vida é uma festa! Embaixadores da marca, como o cantor Yuri da Cunha, em Angola, ou a cantora Lizha James, em Moçambique, ajudaram a projectar a Blue para uma dimensão de credibilidade, dinamismo e aspiração social.
Alguns exemplos deste dinamismo: VoleiBlue é o nome do projecto que permitiu já a 4.100 alunos aprenderem voleibol nas escolas. Inserida na política de responsabilidade social da marca, a reabilitação das escolas abrangidas foi feita através de obras de melhoramento dos campos desportivos, pintura das infra-estruturas e limpeza dos espaços envolventes; Canta com Blue, que evoluiu para um programa de televisão semanal, destina-se a jovens com paixão pela música. Desenhado pela Blue, consiste num concurso musical feito nas escolas públicas, que ajuda a combater a exclusão social, promovendo o direito à igualdade.
Mas, a partir de Angola, a marca tem partido à conquista de outros mercados. Começou por Portugal e actualmente já está a entrar numa dezena de países africanos.
Ilação para a gestão: a integração de valores locais, mas com potencial aceitação internacional, como a música e a alegria, constitui um forte ingrediente de sucesso para uma marca de grande consumo.
Kero - Qualidade e inovação na distribuição de pendor alimentar
Em Dezembro de 2010, nascia em Angola, no Bairro Nova Vida, em Luanda, a primeira grande superfície alimentar, um projecto inovador que introduziu em solo angolano os hipermercados e a formalização do sector.
Mas não foi apenas a grande dimensão das lojas que surpreendeu os angolanos; a começar pela sua identidade visual, a insígnia Kero apresentou no mercado um logótipo forte, de cor verde-viva, com um imponente K branco ao centro.
Uma imagem de marca com personalidade, que, para além de tudo, se prestava a conjugações interessantes: Kero mais, Kero qualidade, Kero variedade. O efeito da popularização da marca acompanhou um sentimento de pertença nacional.
A cadeia assumiu uma estratégia de abordagem de mercado sustentada naquilo que designa por cinco pilares: preço baixo, variedade, abastecimento sem rupturas, aposta em produção nacional e excelência de serviço.
Actualmente com 11 lojas nas províncias de Luanda e Benguela, o Kero não esconde a sua vocação nacional e o desejo de cobrir geograficamente todo o território angolano em três formatos: supermercados, hipermercados e lojas de conveniência, pelo que continua a perscrutar novas oportunidades de desenvolvimento de negócio.
Ilação para a gestão: Uma oferta diversificada, um bom preço com um elevado nível de serviço e o estímulo à produção nacional para conseguir um abastecimento contínuo são factores críticos de sucesso de uma cadeia de mass market.
Luanda Shopping - O mundo em Luanda
Até 2015, muitos angolanos aproveitam as viagens ao estrangeiro para fazer as suas compras, nomeadamente de vestuário, por inexistência de oferta em Angola. ~
Mas a situação tende a mudar: com abertura geral prevista para 2015, o Luanda Shopping assume-se como um dos melhores de África, agregando um conjunto de valências e ainda uma oferta diversificada.
O centro foi concebido segundo os padrões europeus de grandes shoppings com bons espaços e circulação, lojas-âncora e lojas de média e grande dimensão, mas a grande novidade do Luanda Shopping é a presença das grandes marcas internacionais.
Entre as dezenas de marcas que garantiram já presença no espaço - na sua maioria, pela primeira vez em Angola -, contam- -se, nomeadamente, a Zara, Truworths, Mango, Gap, Parfois, Adidas, Boticário, Lacoste, Springfield e outras do segmento de luxo como Hugo Boss, Armani, Gant, Burberry, Façonnable ou Carolina Herrera.
Destaque igual para as marcas nacionais de origem angolana em crescendo, como: Kero, Sistec, Azeu Cinemas, Galaxy Games, World Music, Pedras Negras, Garrafeira Populão, Mundo Encantado, a Mecofarma, Luboia, Olsen Braz, Casa Paris, Ruffa, Visar, No-Exit, e, na restauração, Panela de Barro, Só Peso, American Hot Dog ou a Casa das Baguettes.
Ilação para a gestão: Perante um consumidor cada vez mais global, uma oferta global à escala da procura tem habitualmente bons resultados.
HCTA - Aposta no serviço para um mercado de negócios
Hotel de Convenções de Talatona é um estabelecimento hoteleiro de referência internacional em termos da oferta turística angolana. Inaugurado em Dezembro de 2009, posicionou- se no mercado como o primeiro hotel de 5 estrelas de Angola, tornando-se num benchmark de produto para a nova oferta hoteleira.
Para a entrada do HCTA no mercado, foi definida uma estratégia de posicionamento agressiva, procurando criar rapidamente uma imagem que fosse inquestionavelmente acima da restante oferta. Assim, foi dado um especial enfoque a estratégias de marketing de serviços como parte constituinte de um conjunto de processos específicos que enquadram a oferta de um serviço de qualidade.
A política de promoção e credibilização do produto procurou associar o HCTA a insígnias internacionais do mesmo nível, como forma de conjugar a qualidade de produto a padrões de referência internacionais na hotelaria de luxo.
As alterações introduzidas a partir de 2012 são sinal de uma política de atenção e flexibilidade com vista à optimização dos resultados operacionais.
Destacam-se, nestas acções, a redução do preço médio, orientando o produto para um cliente de negócios/serviços, na perspectiva de aumento de turnover; a aposta clara na formação contínua e no empowerment de quadros nacionais; a promoção interna de quadros nacionais para cargos de chefia média e superior e o alinhamento da estratégia comercial com o Plano de Desenvolvimento Turístico.
Ilação para a gestão: A formação de quadros é uma prioridade que se enquadra na estratégia de desenvolvimento de Angola delineada pelo Governo.
Multicaixa - Uma ferramenta de formalização económica
Quando se fala de pagamentos, a confiança assume-se como um factor crítico para o sucesso de qualquer iniciativa.
Em coerência com a sua missão, que prevê contribuir para a massificação do pagamento electrónico em Angola e para a eficiência do sistema de pagamentos angolano, desde 2002 que a EMIS reflecte no mercado a sua constante preocupação de responder às necessidades especiais dos clientes.
A EMIS tem vindo não apenas a aumentar consistentemente a cobertura geográfica da rede Multicaixa (com mais de 76% do território angolano coberto em 2014), como também a permitir que os TPA (terminais de pagamentos automáticos) dos comerciantes possam desempenhar funções importantes para a população, de que são exemplo o carregamento de serviços pré-pagos, como as recargas dos telemóveis, televisão por cabo, água, energia e outros.
Este aproveitamento da capilaridade da rede de comerciantes Multicaixa, em particular em zonas onde não existem terminais de caixas automáticas, promove o desenvolvimento económico e social, potenciando o negócio dos retalhistas e satisfazendo os clientes.
Ilação para a gestão: Os meios de pagamento favorecem enormemente as trocas comerciais e o crescimento económico.