Quase dois terços dos contabilistas suspensos em "limpeza" na lista de profissionais certificados
A "limpeza" da lista de contabilistas certificados foi feita após a Ordem constatar situações de fraude nos pagamentos por transferência bancária ou depósito. Quem não constar na lista, actualizada todos os meses, não pode exercer a profissão.
Mais de 68% dos membros efectivos da Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA) e 71,6% dos estagiários foram suspensos, por dívidas à organização referentes a quotas e formações por pagar, há mais de seis meses. Quem está excluído da lista, que será publicada todos os meses no site da Ordem, não pode assinar as contas das empresas onde trabalha ou a quem presta serviços.
Além dos 3.896 membros suspensos dos 5.729 inscritos e dos 6.879 estagiários dos 9.611 que constavam na base de dados da Ordem, foram suspensas 73 empresas das 175 inscritas, nesta "autêntica operação de validação e saneamento de dados", como refere Angelson Domingos. Num documento partilhado nos grupos dos contabilistas no WhatsApp, o contabilista e consultor salienta que esta "revisão demonstra o compromisso da OCPCA com a transparência, a credibilidade institucional e a valorização da classe".
Numa mensagem enviada a 20 de Março, a direcção presidida por Cristina Silvestre deu oportunidade aos membros "faltosos" para regularizarem a sua situação financeira até ao dia 20 de Abril. Os membros que não cumpriram as obrigações dentro desse prazo têm até ao dia 25 de Abril para pagar as suas dívidas à ordem, através de referência, solicitada no site da Ordem, na sua área pessoal, uma vez que esta "é a única forma válida" e através da qual o sistema actualiza automaticamente a sua situação. Caso o contabilista tenha algum pagamento por transferência ou depósito por validar pode depois convertê-lo em quotas ou formações futuras, esclarece a direcção da OCPCA.
A "limpeza" da lista de contabilistas certificados foi feita após a Ordem constatar situações de fraude nos pagamentos de quotas e formação por transferência bancária ou depósito. "Na reconciliação entre os comprovativos de transferência ou de depósito e os saldos dos extractos bancários, constatou-se que havia muitos casos de fraude. Um contabilista que usa um comprovativo falso não é digno de exercer a profissão, nem de tratar da contabilidade das empresas", afirmou Cristina Silvestre ao Expansão, notando que a ordem não vai ter contemplações com estes "moralistas sem moral".
"Mais do que uma mera actualização administrativa, esta acção representa um marco na consolidação da profissão em Angola, dando mais confiança ao mercado, às empresas e à sociedade civil sobre quem, de facto, está apto a exercer a contabilidade de forma profissional e certificada", sublinha Angelson Domingos.