Mediadores divididos sobre a existência de uma tabela de comissões com limites
Actualmente as comissões pagas aos mediadores são definidas por cada seguradora, mas há profissionais que defendem a existência no mercado uma tabela de comissões com limites para todas as empresas. Outros defendem o contrário, com crença de que o mercado deve ser livre, e esta depender da capacidade negocial de cada mediador.
O mediador é remunerado através de comissões, que se traduzem em percentagens sobre os prémios, líquidos de encargos e adicionais pagos. Além das comissões, alguns mediadores também podem receber taxas por serviços adicionais, como aconselhamento ou avaliação de risco e até mesmo de cobrança. As seguradoras utilizam estas taxas para que os mediadores mantenham alguma pressão sobre os clientes e que os acompanhem de forma mais presente.
Os argumentos dos que estão a favor da situação actual, destacam a importância de se ter um mercado livre que permita a que cada profissional da mediação consiga boas comissões de acordo com a sua capacidade de negociação. Os que estão contra, por seu lado, defendem que a ausência de uma tabela de comissões permite o enriquecimento ilícito e práticas abusivas por parte de vários intervenientes do mercado.
Adriano Gomes, corrector de seguros, é um dos profissionais que defende que o mercado deve continuar como está porque a comissão paga tem que depender sempre da capacidade de cada um negociar com a sua seguradora, em função do tipo de cliente que traz e dos objectivos traçados pela seguradora.
"Quando fui negociar com uma seguradora do mercado, por exemplo, apresentaram-me as suas comissões e deixaram claro que podem ser renegociadas desde que eu atingisse os seus os objectivos anuais, porque não sabiam ainda a minha capacidade de produção. Por isso acredito que um mercado liberal continua a ser a melhor solução", diz.
O profissional sublinha ainda que são os mediadores que devem apresentar os seus argumentos de razão para ganhar mais, porque não há seguradora, por exemplo, que resista em pagar 8% ou 10% contra os actuais 3% ou 5% que são praticados no mercado para o seguro de saúde se o mediador trouxer uma carteira gigantesca e como um rácio de sinistralidade abaixo dos 70%.
Para Paulo Bracons, consultor de seguros, sublinha que não se justifica a criação de uma tabela de comissões, porque o mercado é livre e deve funcionar em termos de mercado aberto. "Qual o valor que cada agente ou corrector acrescenta a um negócio quando o coloca numa seguradora? Se acrescentar valor, certamente que a seguradora estará disposta a pagar mais comissão. Se não acrescentar valor, ou seja, se for um mero comissionista, uma comissão, mesmo baixa, poderá ser muito alta", diz.
O consultor aponta ainda que nos mercados livres e abertos, como é o caso de Portugal, não existem tabelas oficiais ou recomendações de comissões. As comissões são definidas livremente entre cada seguradora e cada mediador ou corretor.
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