Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

ANPG entrega blocos paralisados e com descobertas há quase 20 anos

UM ANO E QUATRO MESES DEPOIS DE ANUNCIAR OS VENCEDORES DO CONCURSO

O Chissonga, que possui gás no Bloco 16, e os campos com nomes de planetas, no bloco 31, estão agora em condições de avançar para o desenvolvimento 20 anos depois. Especialistas estão satisfeitos e declaram que finalmente foram dados passos chave para a estabilização da produção nacional.

A Agencia Nacional de Petróleo Gás e Biocombustíveis (ANPG) entregou aos operadores Total Energies e Azule os blocos 16/21 e 31/21 das águas profundas e ultraprofundas da Bacia do Kwanza, que têm descobertas consideráveis e aguardam por desenvolvimento há mais de 20 anos.

O agora Bloco 16 reentregue em 2021 (Bloco 16/21) marcou a primeira descoberta nas águas profundas em Angola feita no início da década de 90 pelo então operador, a Royal Dutch Shell, que descobriu o poço Bengo que tinha 1,780 barris de petróleo por dia.

Em 9 anos, ou seja até 1999, a Shell fez nove poços no referido bloco mas a maioria revelou-se descobertas marginais. No entanto, a companhia anglo-holandesa notou que o Bloco tinha mais gás do que petróleo, numa fase em que o gás em Angola era queimado, ou seja, não tinha valor comercial.

O que frustrou a Shell, que veio mesmo a abandonar as operações em Angola em 1999, é que na ocasião as descobertas do bloco 16 - o único em que era operador no País - não se equiparavam aos vizinhos, nomeadamente os Blocos 15 (operado pela Exxon Mobil) e o Bloco 17 (operado pela TotalEnergies), que se tornou no bloco com maior produção petrolífera do País.

"A Shell vendeu a sua participação no referido Bloco à Ranger Oil, que por sua vez a vendeu á Maersk Oil. Com a Maersk foi feita uma descoberta de petróleo e gás comercial, o Campo Chissonga. Entretanto, após a descoberta do Chissonga houve complicações com a concessionária, a Sonangol, para alargar a licença. Os dinamarqueses da Maersk Oil venderam o seu negócio de petróleo e gás à TotalEnergies", conta o Engenheiro Geofísico Armindo Costa antigo quadro sénior do sector.

Para Armindo Costa, a entrega agora em 2023 do Bloco 16/21 à TotalEnergies, fruto do concurso público aberto para licitar blocos do offshore das bacias do Kwanza e do Baixo Congo - que já tem descobertas - marca o regresso a um activo que lhe pertenceria e que a esta altura já estaria em produção já que já possui descobertas comerciais há mais de 20 anos.

Outro especialista, José Oliveira, sempre defendeu que o Chissonga localizado no agora bloco 16/21 tem muito gás e algum petróleo e deveria andar-se depressa para o seu desenvolvimento (fase que antecede a produção e que vem depois da descoberta comercial em que o operador e parceiros montam e instalam os equipamentos para produção).

Os especialistas dizem mesmo que foi um passo importante dado pela concessionária ao entregar estes blocos. Uma entrega que demorou um ano e quatro meses após o anuncio dos vencedores do concurso para licitação de ambos os blocos.

Para Armindo Costa, o momento agora é de "arregaçar as mangas e garantir todas as condições" para que a TotalEnergies possa avançar depressa com o desenvolvimento destes campos para que dentro dos próximos 2 anos arranque a produção petrolífera neste bloco 07 que é vizinho do Bloco 17, de onde sai um terço do petróleo produzido em Angola.

Outro campo entregue é o Bloco 31/21, à Azule Energy. Este Bloco que foi operado pela BP já possui doze descobertas, entre as quais as descobertas marginais Pala, Juno e Astreia. O Bloco 31 reentregue em 2021 (Bloco 31/21) passa a ser propriedade da ENI, que fez a passagem de descoberta à produção mais rápida de sempre no Bloco 15/16 onde integrou as descobertas do East e West Hub em apenas seis meses.

Armindo Costa, que foi director de exploração adjunto da BP e participou nalgumas destas descobertas no Bloco 31, diz que a BP não quis avançar e não renovou a licença. O especialista revela que o novo operador, a Eni, que vai actuar em parceria com a Equinor, "herda um bom activo" com potencial de novas descobertas.

Leia o artigo integral na edição 741 do Expansão, de sexta-feira, dia 08 de Setembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo