Banco Económico com prejuízos de 55,5 mil milhões Kz nos primeiros nove meses do ano
O ex-BESA não só acumulou resultados negativos nos primeiros nove meses como também viu os fundos próprios afundarem para -627,8 mil milhões Kz, e caminha assim para o sexto ano consecutivo em falência técnica. Os depósitos caíram e o crédito aumentou, mas rácio de transformação fica apenas em 9%. As contas estão atrasadas, uma vez que deviam ser publicadas até 15 de Novembro.
O Banco Económico registou um resultado líquido negativo de 55,5 mil milhões Kz nos primeiros meses deste ano, depois de ter contabilizado lucros de 89,5 mil milhões no mesmo período do ano passado, de acordo com cálculos do Expansão com base no balancete individual relativo ao terceiro trimestre de 2024.
As contas publicadas esta semana estão atrasadas, uma vez que o regulador (BNA) estabeleceu no artigo 7° do Aviso n.º 5/2019 que os balancetes devem ser publicados em base individual e consolidado até 45 após término do trimestre, o que significa que os balancetes deviam ser publicadas até o dia 15 de Novembro.
No entanto, o ex-BESA viu os depósitos dos clientes cair 5% para 979,7 mil milhões Kz face aos 1.036 mil milhões registados no período homólogo. Ainda assim, Económico registou um crescimento do stock de crédito que passou de 57,3 mil milhões Kz para 84,9 mil milhões, o que representa um aumento de 48%. Entretanto, o rácio de transformação do Ex-BESA, ficou apresentou um rácio de transformação de 9%, muito abaixo da média da banca angolana, gira à volta dos 29%.
O banco liderado por Jorge Pereira Ramos, que substituiu Victor Cardoso, em Julho, depois deste renunciar à posição de PCE do banco, decidiu investir mais em títulos de dívida pública nos primeiros 9 meses do ano, que registaram um aumento de 56% para 149,0 mil milhões Kz. Ainda assim, o activo do Económico afundou 52%, ao passar de 1,5 biliões Kz para 709,9 mil milhões (menos 758,0 mil milhões Kz), enquanto o passivo caiu 9% para 1,4 biliões Kz, mantendo-se assim em falência técnica.
É importante realçar que desde que o Banco Económico renasceu das cinzas do antigo Banco Espírito Santo Angola, em 2014, já registou seis exercícios financeiros com regista prejuízos e agora acumula resultados negativos nos primeiros nove meses do ano. O ex-BESA não só acumulou resultados como também viu os fundos próprios afundarem -627,8 mil milhões Kz, e caminha para o sexto ano consecutivo em falência técnica.
O BNA contratou uma entidade independente para fazer um estudo sobre a situação do banco, que servirá de base para a implantação das medidas de resolução que estão previstas na Lei das Instituições Financeiras, art. 251. Mas ao que o Expansão apurou, depois da apresentação desse estudo, o banco central optou por contratar uma nova empresa, com mais nome, para fazer esse estudo. A estratégia é esgotar todas as soluções antes de pensar na liquidação do banco, que enfrenta hoje os mesmos problemas de sempre: falta de liquidez.
Só para termos noção, as contas mais recentes mostram que a rubrica "Caixa e disponibilidades" (recursos financeiros que o banco tem à disposição imediata), caiu 42% ao passar de 140,6 mil milhões Kz ( em Setembro de 2023) para 81,0 mil milhões em Setembro deste ano.
Assim, os primeiros passos para que o banco central pudesse anunciar um plano de resolução para a instituição bancária, começaram a ser dados apenas em Maio depois de vários anos em que a situação do Banco Económico se foi arrastando.