BNA afina mecanismos após caso Lussati
Osvaldo dos Santos, responsável pelo departamento de Conduta Financeira do BNA, admitiu hoje que há casos lhe escapam ao controlo do regulador entre "milhões de operações" financeiras
O Banco Nacional de Angola (BNA) anunciou nesta segunda-feira, dia 15 de Novembro, que "foram afinados" os mecanismos de controlo interno de prevenção e combate ao branqueamento de capitais, na sequência do caso Lussati, admitindo que os mecanismos existentes "são sempre falíveis" e que é na sequência, e como consequência, de alguns eventos, que escapam ao controlo do regulador entre "milhões de operações", que surgem medidas mais apertadas.
"Sempre que situações dessas ocorrem, a nível do BNA afinam-se os mecanismos. Os mecanismos que existem são sempre falíveis, ou seja, quando surgem estas situações o que temos que fazer é olhar para as nossas afinações e ver onde é que dá para apertar mais e isso está feito", admitiu o diretor do departamento de Conduta Financeira do BNA, Osvaldo dos Santos, aos jornalistas no decorrer de um seminário de capacitação sobre branqueamento de capitais promovido pelo banco central.
Segundo o responsável, a supervisão, "ao contrário daquilo que se pensa", é feita "por amostra, pois mesmo nos países mais desenvolvidos o banco central não consegue ter ciência, olhar para as operações todas que são realizadas numa determinada instituição financeira". As operações "são aos milhões", admite, citado pela LUSA.
"Durante um mês uma instituição financeira realiza milhões de operações e não é possível olhar uma a uma dessas operações, e a nível da supervisão o que se faz é colher amostras", sendo estas colhidas em função de requisitos próprios ou indicadores, adiantou.
"Muitas operações podem não cair nesta amostra, ou seja, não são vistas em concreto, mas em função das amostras que são recolhidas o BNA consegue compreender qual é o nível de cumprimento das regras", explicou Osvaldo dos Santos.
Apesar das explicações do quadro superior do BNA ainda hoje não se percebe como é que notas em caixas com o selo do banco central, ainda que tenham feito o seu percurso através de um banco comercial nunca referido, foram encontradas em casa do major Pedro Lussati, elemento ligado à Casa de Segurança do Presidente da República e que está detido desde Junho passado, depois de ter sido encontrado na posse de milhões de dólares, euros e kwanzas guardados em malas, caixotes e viaturas.
A detenção do maior, no âmbito da "Operação Caranguejo", levantou críticas e receios a nível de sociedade civil e demais sectores sobre a "fiabilidade" do sistema de prevenção de branqueamento de capitais uma vez que parte dos valores em kwanzas terão sido levantados num banco comercial cujo nome nunca foi revelado.