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Importação de carros novos e usados afunda 66% para 8.207 viaturas

NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2024 FACE AO PERÍODO HOMÓLOGO

A desvalorização do Kwanza face às moedas estrangeiras verificada entre 2023 e 2024, à semelhança do que aconteceu até 2021 (2022, ano eleitoral foi excepção já que a moeda nacional valorizou) voltou a penalizar o sector automóvel. Empresários do sector queixam-se da quebra do poder de compra das famílias e do facto de os bancos não concederem empréstimos às famílias para aquisição de viaturas.

A importação de carros novos e usados, no primeiro semestre de 2024 caiu 66% ao passar de 23.823 viaturas no I semestre de 2023 para 8.207 entre Janeiro e Junho deste ano, de acordo com contas do Expansão com base em dados da Agência Reguladora de Certificação de Carga e Logística de Angola (ARCCLA). A importação de carros no I semestre deste ano equivale a apenas 23,4% do total das viaturas importadas em todo o ano de 2023.

Apesar da queda registada durante o período em análise, a China tornou-se no maior fornecedor de viaturas a Angola, superando a Índia, exportando 2.148 unidades nos primeiros seis meses. Seguem-se os Emirados Árabes Unidos com 1.208 viaturas, enquanto o Japão aparece na terceira posição. A Índia ficou na quarta posição com 831 veículos e a Bélgica fechou o top cinco ao vender para Angola 828 carros.

Da Coreia do Sul chegaram 803 carros. A ARCCLA indica, por outro lado, que sobre o mapa das importações de viaturas no primeiro semestre, da África do Sul e Portugal foram importados 162 e 157 veículos, respectivamente.

Em termos de maiores mercados de origem de viaturas, apenas o Japão registou um crescimento, de 151,9%, nas exportações nos primeiros seis meses de 2024, para 1.005 carros, comparativamente ao período homólogo do ano passado.

Olhando para os números do mercado automóvel de novos e usados entre Janeiro e Fevereiro, fontes do Expansão indicam que o crescimento das importações de viaturas do mercado japonês não preocupa os empresários do sector automóvel, tendo em conta que o Japão é, em muitos casos, o mercado de eleição de viaturas de muitas empresas e entidades angolanas.

Uma fonte da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (ACETRO), referiu que pode ser apenas uma encomenda do Governo, tudo porque os números são bastante marginais tendo em conta o histórico das importações angolanas de viaturas japonesas.

A grande preocupação, referiu a fonte, é de facto o mercado automóvel no seu todo. "Apesar da China continuar a ser o líder das exportações de viaturas para Angola, registamos, no primeiro semestre, uma grande queda" disse a fonte da ACETRO que lembrou que as dificuldades no acesso a divisas e a falta de crédito da banca comercial são os maiores constrangimentos relatados pelas empresas do sector. "O mercado automóvel está em queda e este ano para o segmento de veículos novos as quebras serão maiores e poderemos assistir a uma retracção considerável, apesar dos indicadores positivos da economia angolana", acrescentou a fonte.

O cenário é de incerteza, prosseguiu, mas uma coisa tem certeza, é que estão a chegar dias difíceis para as empresas do sector, tudo porque muitas não conseguem manter o negócio. Comparativamente ao ano passado, segundo apurou o Expansão, entre Janeiro e Junho, registou-se uma redução de 15.616 viaturas, um indicador de que há cada vez menos angolanos a importarem viaturas, quer para o uso próprio ou para comercialização.

Se por um lado empresários angolanos em vários sectores de actividade já se mostram ligeiramente optimistas em relação à evolução da economia no curto prazo, já que no I semestre do ano a economia cresceu 4,3%, por outro, a realidade no primeiro semestre para o sector automóvel é completamente diferente já que o mercado está em contra-ciclo com a economia. "Estes indicadores mexem com a vida das empresas", disse a fonte da ACETRO, garantindo que há cada vez mais concessionárias a ponderarem despedimentos. "As empresas não estão a vender e quando isto acontece a tesouraria das empresas fica pressionada", acrescentou.

O Expansão apurou que o facto preço continua a pesar muito na hora de escolher uma viatura por parte dos compradores, daí a opção recair muitas vezes em carros vindos da China ou da Índia, que comparados com as marcas tradicionais têm preços muito mais em conta.

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