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Empresas & Mercados

Jota Foods diversifica a oferta para melhorar o negócio

SOB NOVA GESTÃO

Este é o caso de uma pequena empresa que chegou aos super e hipermercados com produtos populares - paracucas, pipocas e banana frita - mas que a crise apanhou em tempo de consolidação do negócio. Tem agora um novo sócio, o eriteu Makele Mishna, mas as coisas demoram a melhorar.

Para os cidadãos de Luanda as pipocas "verdes", ou melhor, embaladas em plástico com tonalidade esverdeada são quase "míticas". Dos bairros ao centro da cidade, das lojas dos malianos aos supermercados da Ingombota, são reconhecidos por quase todos. Nas mãos das crianças, fundamentalmente, mas também dos adultos.

Atrás do produto está a empresa Jota Foods que tem uma pequena fábrica no município do Cacuaco desde 1996, ou seja, há 26 anos. Na verdade, a sua política comercial não obedeceu a uma estratégia de posicionamento de marca ou preço, foram apenas vendendo de acordo com as solicitações, muitas delas na porta da fábrica, e quando chegou esta última crise em 2018, agravada depois com a pandemia, o negócio acabou por parar.

A empresa suspendeu a produção em 2020, por causa da Covid-19, que fez paralisar negócios em todo o mundo. Em 2021, apareceu uma nova solução. O empresário eritreu Makele Misgha, acreditando no potencial da marca e percebendo que muitos dos canais de distribuição já tinham sido abertos, avançou com uma proposta para entrar no capital social da empresa e assumiu também a gestão.

A nova gestão entrou com uma nova ambição para dar outro rumo ao negócio e também rentabilizar os equipamentos instalados na unidade fabril. Mas até ao momento o mercado não respondeu satisfatoriamente. Estamos a falar de produtos que, apesar de serem alimentares, não são essenciais para os consumidores, arrastando consigo uma imagem de baixo preço, o que também impede a gestão de aumentar as margens do negócio.

Nesta altura, a fábrica debate-se com poucas solicitações dos clientes, sejam elas de superfícies comerciais, onde já marcaram presença, minimercados ou lojas de conveniência dos postos de abastecimento de combustível. E isto tem consequências directas no aproveitamento da capacidade produtiva da empresa e nos níveis de facturação mensal. Só para se ter uma ideia, o melhor mês de venda da empresa foi em Maio deste ano, onde chegaram ao valor de nove milhões de Kz, mas, ainda assim, longe do que a fábrica em "velocidade" normal pode fazer, de acordo com o novo gestor.

Apesar das expectativas se terem revelado muito mais altas do que a realidade, acredita-se que a força da marca e uma política comercial mais agressiva possa ajudar o nível das vendas. E isto tem reflexos directos na fábrica. Nesta altura, os equipamentos estão subaproveitados, por exemplo, das 6 linhas de produção de pipocas, apenas uma está em funcionamento. A capacidade das seis linhas de produção pode transformar 20 mil kg de milho em pipocas por mês, mas nesta altura esse valor não ultrapassa os cinco mil Kg, apenas 25% da capacidade instalada. Já para a produção da paracuca, a capacidade instalada é de transformar em paracuca 10 mil Kg/mês, trabalhando em três turnos. Os níveis máximos de produção estão dependente das solicitações dos clientes.

A empresa foi criada com 60 milhões Kz para ser líder no mercado na transformação destes produtos, mas ainda luta para se estabilizar. Projectada para poder funcionar em três turnos, a Jota Foods trabalha apenas com um turno e emprega 30 trabalhadores. O problema do acesso à matéria-prima não se coloca, de acordo com o gestor, uma vez que a ginguba e as bananas são de produção nacional e fácil acesso, enquanto que o milho, apesar de ser importado da Argentina, é comprado facilmente a importadores que o trazem do local de origem.

Nova estratégia em curso

No que se refere ao processo de embalagem, a fábrica tem cinco linhas, cada uma delas é capaz de empacotar mais de 10 mil produtos por mês, explica Makele Misghna. Contas feitas, 50 mil embalagens de diversos produtos por mês. No sentido de rentabilizar esta área, a nova gestão a Jota Foods vai acrescentar ao empacotamento outros produtos alimentares com a marca da empresa, tendo em conta a experiência comercial dos novos donos. Trata-se de arroz, feijão e açúcar, que são produtos de consumo primário e com mercado por explorar.

Em termos práticos, a estratégia vai passar por comprar estes produtos a agricultores locais e empacotar, com a intenção destes produtos entrarem no mercado através das grandes superfícies comerciais, nomeadamente Kero, Angomart, ou Alimenta Angola. Estes são canais que estão abertos e os distribuidores já conhecem a marca, sendo que este projecto é para o curto prazo e ainda este ano irá ser concretizado.

A maior vantagem, que deixa a nova gestão optimista, é que não vai ser necessário fazer qualquer investimento na fábrica, estas linhas adaptam-se a este novo negócio, dependendo apenas da capacidade comercial da organização, que terá de comprar barato a granel no mercado nacional, e acrescentar a mais valia da marca.

A Jota Foods - Indústria e comércio foi fundada em Setembro de 1996 na capital do País. Na época, era representada pelo casal José Delfim Lopes e Domingas de Carvalho Vieira Dias Lopes, cada um deles representava 50% do capital social. E foi criada para actuar no ramo indústria alimentar, agro-pecuária, pescas, comércio geral, importação e exportação. Neste momento, pertence a Makele Misghna e a um sócio angolano cujo nome não foi revelado.