Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Empresas & Mercados

Malparado na banca cresce 270 milhões USD em 6 meses para 1.702 milhões

17,3% DO CRÉDITO BRUTO REGISTADO EM JUNHO

São 266,2 mil milhões Kz a mais em malparado do que em Dezembro de 2023. É o resultado da subida das taxas de juro verificadas no I semestre, que resultam não só do aperto da política monetária, mas também da corrida dos bancos ao mercado interbancário para garantir liquidez em moeda estrangeira.

O malparado da banca angolana cresceu 1,6 pontos percentuais para 17,3% em Junho face a Dezembro de 2023, o que significa que dos 8,4 biliões Kz que valia o crédito bruto da banca em Junho, quase 1,5 biliões Kz (cerca de 1.702,2 milhões USD) estavam em incumprimento, de acordo com cálculos do Expansão com base nos Indicadores de Solidez Financeira do Sector Bancário do Banco Nacional de Angola (BNA).

São, em parte, as consequências da subida das taxas de juro verificadas no primeiro semestre deste ano, que resultam não só do aperto da política monetária, mas também da corrida dos bancos ao mercado interbancário para garantir liquidez para comprar divisas, já que os bancos passaram a ter acesso a menos divisas no mercado cambial. Taxas de juro mais altas significam maior esforço de famílias e empresas para cumprirem as suas obrigações. O cenário continua a ser desafiador, uma vez que o País continua a registar uma elevada taxa de inflação e um elevado nível de depreciação do kwanza.

O crédito malparado, também conhecido como crédito vencido, é uma situação na qual um devedor falha em cumprir com suas obrigações de pagamento conforme estabelecido no contrato de empréstimo. Isso significa que o devedor deixou de efectuar os pagamentos projectados no plano financeiro ou não pagou o montante total devido, resultando em atrasos ou falta de pagamento.

Assim, no final do ano passado, o crédito bruto bancário era de 7,8 biliões Kz, pelo que o malparado registado era de 15,1%, equivale a pouco menos de 1,2 biliões Kz, o que compara com os 1,5 biliões Kz registados até Junho deste ano. Contas feitas, são 266,2 mil milhões Kz a mais em malparado do que em Dezembro de 2023. Se os números forem convertidos em dólares, os 1,5 biliões Kz de malparado equivalem a 1.702,2 milhões USD, à taxa de câmbio do último dia Junho, isto é, equivalente a mais 270 milhões USD do que no final de 2023.

Assim, por cada 1.000 Kz de crédito bruto do sistema financeiro nacional, cerca de 173 Kz estavam malparados em Junho.

Ainda assim, longe vão os tempos em que o malparado valia 34,5% do crédito bruto da banca, como aconteceu em Junho de 2019, precisamente há cinco anos. Com o total do crédito bruto de 4,9 biliões Kz, à taxa de câmbio da altura equivalia a 14.494 milhões USD, o que significa que o malparado em Junho de 2019 era de 5.000 milhões USD. Só passado um ano é que baixou substancialmente, quando em Junho de 2020 a Recredit "assumiu" o crédito em incumprimento do maior banco público, o BPC, e o malparado baixou para 2.026 milhões USD, o que é um sinal do peso que o malparado do BPC tinha no agregado do crédito em incumprimento de toda a banca.

Nível de malparado é preocupante

Apesar de hoje se estar muito longe desses valores, para vários especialistas o cenário ainda é preocupante e poderá agravar-se devido à perda de poder de compra das famílias, mas também das empresas, numa fase em que a inflação está em níveis elevados.

Para o economista Heitor Carvalho, o nível de malparado na economia é bastante preocupante e reflecte o estado das empresas. "Sem empresas não há economia", disse. O economista afirma também que na economia nacional há uma relação entre o malparado, política comercial, inflação, depreciação do Kwanza e a deterioração do ambiente de negócios, onde predomina a falta de liberdade de empreender e comercializar.

O pensamento do economista e consultor financeiro, Alberto Vunge, não é diferente, que argumenta que as famílias e as empresas ainda não saíram da situação de aperto em que se encontram acometidas de um tempo a esta parte. "A volatilidade das variáveis macroeconómicas, as incertezas nas operações das empresas, a perda do poder de compra das famílias e a falta de sustentabilidade do emprego aumentam os riscos de crédito para o subsistema financeiro bancário e não só", apontou.

Leia o artigo integral na edição 798 do Expansão, de sexta-feira, dia 18 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo