Conclusão do Planegeo com 3 anos de atraso por falta de dinheiro
O Plano Nacional de Geologia (Planageo), programa do Governo que visa o levantamento geofísico aéreo do potencial mineiro e geológico do País, consumiu, em oito anos, 259,4 milhões USD, anunciou, nesta quarta-feira, o presidente do conselho de administração do Instituto Geológico de Angola (Igeo), Canga Xiaquivuila, admitindo que dificuldades financeiras estão a atrasar a conclusão dos estudos do Planageo.
O gestor, que falava num encontro de apresentação dos resultados alcançados até à presente data, disse que os 259 milhões USD correspondem a uma execução financeira de 64% do orçamento total, avaliado em 405 milhões USD e uma execução física de 66%.
Lançado em 2014, o Planageo tinha como data limite 2017 e tem como meta fazer o levantamento científico do potencial mineiro e geológico do País, visando atrair investimento nacional e estrangeiro para o sector. Durante o encontro, Canga Xiaquivuila disse que o Planageo se propõe relançar, dinamizar e aumentar a contribuição fiscal do sector mineiro, bem como melhorar o conhecimento da geologia e do potencial dos recursos minerais do País.
Fez saber ainda que os dados que resultaram do levantamento geofísico aéreo foram feitos a uma altura média de 120 metros, e com um espaçamento entre linhas de mil metros, e permitiram às autoridades dividir o território nacional em três zonas de trabalho.
Assim sendo, a região norte compreende a zona 1, a região leste a zona 2, a região sul a zona 3. Entre as três regiões, a mais promissora é a região leste que compreende as províncias das Lundas Norte e Sul e a do Moxico.
Em termos técnicos, Paulo Tanganha, que procedeu à apresentação técnica dos resultados alcançados pelo Planageo, deu conta que estão concluídos os levantamentos geofísicos terrestres na zona 3, que visou mapear a espessura da cobertura sedimentar do sul de Angola, ou seja, as depressões da superfície terrestre do sul do País, nos quais se depositaram os minérios.
Nas regiões norte e sul de Angola, explicou o PCA do Instituto Geológico de Angola, estão concluídos os mapeamentos geológicos. Nestas regiões está em curso a recolha de amostras para objecto de tratamento e análise laboratorial em mineralogia, petrografia (análise de rochas) e geocronologia (história das rochas).
Explicou ainda que está também em curso a recolha de amostras na região sul de Angola para serem objecto de tratamento e análise laboratorial para sedimentos de corrente e concentrado de minério e o processo de mapeamento do potencial de material de construção e para a indústria transformadora da região, como é o caso das rochas ornamentais.
Paulo Tanganha assinalou igualmente a ocorrência mineira nas reservas ambientais protegidas, nomeadamente na Bacia do Okavango, "com potencial de diamantes e ferros", quando está em curso a revisão da Lei sobre Áreas de Conservação para acomodar a exploração de recursos minerais em zonas protegidas.
"Toda a actividade mineira do País é realizada no âmbito do Código Mineiro, instrumento legal e qualquer contrato de investimento mineiro tem como anexo o estudo do impacto ambiental", referiu Paulo Tanganha, quando questionado sobre a exploração de recursos mineiros em zonas protegidas.
Falta dinheiro para concluir o Planageo
As dificuldades financeiras estão na base do atraso na conclusão dos estudos geológicos do Planageo.
Assim sendo, em relação à região leste de Angola, a que tem mais potencial em todo o país, o presidente do conselho de administração do Igeo, Canga Xiaquivuila, deu conta que a área tem apenas concluída o levantamento aéreo geofísico. Faltam os levantamentos geológicos, geoquímicos e estudos específicos, tudo por falta de financiamentos.
(Leia o artigo integral na edição 613 do Expansão, de sexta-feira, dia 26 de Fevereiro de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)