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Gestão

Parar para pensar: a diferença entre ocupado e produtivo

CAPITAL HUMANO

No mundo corporativo, ser ocupado é confundido com ser produtivo. Andamos constantemente em doing mode, como se a produtividade estivesse directamente relacionada com a quantidade de tarefas executadas. Mas será que estamos realmente a ser o nosso melhor ou estamos simplesmente a correr sem direcção?

Vivemos numa era onde ser ocupado e ter muito trabalho é quase um estatuto social. Pergunta-se a qualquer trabalhador, gestor ou líder de empresas como está e a resposta é invariavelmente a mesma: "Muito trabalho! Muitas reuniões!" A frase vem sempre acompanhada de um suspiro de cansaço e, por vezes, um leve tom de orgulho, como se a quantidade de trabalho fosse uma medalha de honra. No mundo corporativo, ser ocupado é confundido com ser produtivo. Andamos constantemente em doing mode, como se a produtividade estivesse directamente relacionada com a quantidade de tarefas executadas.

Mas será que estamos realmente a ser o nosso melhor ou estamos simplesmente a correr sem direcção?

A filosofia work hard, play hard tem sido o mantra de muitas pessoas ambiciosas. Confesso que faço dela o meu lema há muitos anos. Trabalhar horas intermináveis e depois descomprimir com um jantar animado com amigos, uma viagem de fim de semana ou uma bela maratona de gin tónicos. Só que na realidade, muitas vezes, o que acontece é que ficamos apenas no work hard. O play hard acaba por se dissolver no meio de reuniões intermináveis e e-mails urgentes.

Na minha experiência, o verdadeiro problema não é trabalhar arduamente, nem sequer o facto de não descomprimirmos o suficiente da pressão do trabalho. O problema é trabalhar sem parar para pensar, sem tempo para reflectir sobre o que estamos a fazer e para onde vamos. Quantos de nós passamos os dias a apagar fogos e a responder a crises, mas sem conseguir dedicar tempo ao pensamento estratégico?

A solução parece simples, mas muitas vezes ignorada: alternar entre o doing mode e o thinking mode. Trabalhar muito é importante, mas precisamos de espaço para parar e pensar. Um CEO ou CFO que passa o dia a lidar com tarefas operacionais estará realmente a gerir uma empresa ou é apenas um administrativo de luxo? Um executivo que nunca tira a cabeça da operação, mas que também não se permite parar e reflectir sobre o futuro da empresa, não está a construir um caminho sólido, está apenas a gerir o presente de forma reactiva.

É cada vez mais claro para mim que alternar entre modos de trabalho não é uma questão de luxo, mas sim de inteligência emocional e estratégia. Um bom gestor não é aquele que simplesmente trabalha mais horas, mas sim aquele que sabe quando trabalhar intensamente e quando precisa de parar para pensar e reflectir, para planear o futuro das áreas que supervisiona e que gere. As grandes decisões estratégicas raramente surgem num dia de 14 horas de trabalho seguidas por 4 horas de reuniões. As melhores ideias muitas vezes nascem no espaço entre compromissos, durante uma pausa no escritório, numa conversa informal com um colega ou até mesmo numa viagem de negócios. Afinal, a mente precisa de espaço para respirar, senão estamos apenas a seguir em frente sem saber muito bem para onde estamos a caminhar.

Se um executivo estiver sempre no doing mode, sem permitir que a mente pare e reflicta, a única coisa que vai conseguir fazer é uma viagem longa... até ao ponto de exaustão. E quem nunca se sentiu assim?

Acredito que o verdadeiro segredo não está em fazer mais, mas em fazer melhor. Trabalhar de forma planeada e estratégica. Fazer pausas no doing mode para planear e pensar estrategicamente e, acima de tudo, respeitar o valor do descanso e do tempo com a família e os amigos. O trabalho não vai fugir, mas a vida pessoal... essa, se não tomarmos cuidado, pode ir. E não há gin tónico que salve isso.

*ALEXANDRE TEIXEIRA, Director Financeiro da Easy People

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