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A ameaça crescente da fraude bancária

EM ANÁLISE

À medida que a panóplia de serviços financeiros cresce e se vai modernizando, as instituições financeiras e os seus clientes ficam cada vez mais expostos a esquemas de fraude desenvolvidos por redes criminosas. Estas redes estão a tornar-se cada vez mais globais e sofisticadas, agindo com o objectivo de extrair o maior benefício económico.

Devido à crescente globalização da economia e a complexos eventos geopolíticos que provocam disrupção em praticamente todas as cadeias de valor, juntamente com os enormes investimentos em transformação digital e na automação em diversos sectores, a fraude tem emergido globalmente como uma ameaça cada vez mais significativa para as instituições financeiras e para os seus respectivos clientes. À medida que a panóplia de serviços financeiros cresce e se vai modernizando, as instituições financeiras e os seus clientes ficam cada vez mais expostos a esquemas de fraude desenvolvidos por redes criminosas. Estas redes estão a tornar-se cada vez mais globais e sofisticadas, agindo com o objectivo de extrair o maior benefício económico. Face ao forte crescimento económico e populacional no continente Africano, estas redes encontram-se também aqui, a procurar explorar novas formas e esquemas de fraude.

De acordo com o último relatório global de 2022 da ACFE (Association of Certified Fraud Examiners) relacionado com as principais tendências ao nível da fraude, a maioria das fraudes está relacionada directa ou indirectamente com corrupção e suborno, sendo a média de perdas por caso de apropriação indevida de activos de cerca de 100.000 USD. Não obstante a existência de controlos internos nas organizações, 42% das fraudes são detectadas através de denúncias. Adicionalmente, em relação a fraudes internas detectadas sobre as organizações abrangidas no estudo, 23% estariam relacionadas com órgãos de gestão, 15% com as operações e 12% em áreas de contabilidade. Por fim, quase metade das fraudes ocorridas, segundo o estudo, deveram-se a falhas ou insuficiências dos controlos existentes nas organizações.

Este estudo vem reforçar o que temos vindo a observar nos nossos clientes a nível global e local, onde se inclui Angola. Existe um aumento muito significativo no volume e valor das fraudes ao longo dos últimos anos, reforçando que continuam a existir falhas nos controlos existentes. É importante igualmente destacar que à data de hoje continuam a existir desafios significativos relacionados com ataques cibernéticos aos vários canais existentes e a esquemas de redes de crime organizados que manipulam os clientes para realizarem pagamentos indevidos, com especial incidência no sector bancário. Num contexto de mudança nos paradigmas bancários globais, onde a presença física está a ser gradualmente substituída pelo digital e os pagamentos rápidos digitais estão cada vez mais em ascensão, as redes criminosas têm mais oportunidades para explorar vulnerabilidades, manipulando e apropriando-se indevidamente de fundos. Neste contexto, apesar das preocupações dos bancos a nível global permanecerem semelhantes ao longo dos anos, verifica-se uma aceleração e aumento na intensidade dos riscos de fraude e respectivos impactos ano após ano.

Face ao contexto global e regional, Angola deve responder a esses riscos de uma maneira sistematizada e coordenada. Estas respostas deverão ser baseadas em medidas direccionadas e coordenadas para o sector financeiro, envolvendo todas as partes interessadas. Para o efeito, temos observado uma tendência na criação de mecanismos e entidades nacionais e interbancárias com foco específico no combate à fraude, de modo a melhorar a coordenação entre bancos, reguladores e entidades judiciais. Observamos também a necessidade de os bancos fazerem investimentos significativos em tecnologia de prevenção e combate à fraude, incluindo, em particular, sistemas de prevenção em tempo real e de maneira tempestiva, nomeadamente na adopção de soluções inovadoras e disruptivas, como machine learning e inteligência artificial. Adicionalmente, será fundamental investir continuamente na capacitação dos colaboradores, através de acções de formação em prevenção e detecção de fraudes, bem como numa sensibilização contínua dos clientes por meio de campanhas, elencando novos esquemas de fraude, tendências ou comportamentos de risco. Essas campanhas são fundamentais para um combate eficaz às redes criminosas globais, que se adaptam, aprendem e exploram as vulnerabilidades do sector. Neste sentido, é importante sublinhar que os clientes são um dos pontos mais fracos no sistema de prevenção de fraude e, portanto, são alvos preferenciais destas redes criminosas.

Leia o artigo integral na edição 750 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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