Burnout: os alertas para quem busca alta performance
A busca pela alta performance é um objectivo legítimo e muitas vezes necessário no ambiente profissional contemporâneo, mas deve ser encarada com responsabilidade e autocuidado. O burnout não deve ser visto como um tropeço, mas sim como um alerta para a necessidade de reavaliar prioridades e práticas de trabalho.
Numa cidade pulsante, onde o ritmo da vida nunca desacelerava, vivia Manuel Adão, um profissional brilhante e ambicioso. Desde jovem, ele tinha um sonho: ser reconhecido como um dos melhores na sua área. Com isso em mente, ele mergulhou de cabeça na sua carreira. Longas horas no escritório, prazos apertados e uma busca incessante pela perfeição tornaram-se o seu quotidiano.
Manuel Adão era conhecido pela sua dedicação. Ele frequentemente trabalhava até tarde, sacrificava jantares com amigos, viagens com a família e até mesmo seu precioso tempo de descanso. Para ele, o sucesso estava ao alcance, e bastava um pouco mais de esforço. Cada projecto que entregava era uma medalha na sua parede invisível de conquistas. Mas, com o tempo, esse desejo ardente de excelência começou a cobrar um preço alto.
Sem perceber, o seu corpo e mente começaram a rebelar-se. As noites mal dormidas resultaram em insónia e cansaço profundo. O entusiasmo que antes o impulsionava foi dando lugar a uma sensação de vazio e angústia. As chamadas constantes do trabalho, as metas intransigentes e a pressão interna para ser perfeito começaram a pesar como tijolos nas suas costas.
Foi então que, numa manhã nublada, Manuel Adão chegou ao escritório e, ao abrir o computador, a rotina se transformou num labirinto de desespero. As tarefas pareciam intermináveis; a sua mente, um turbilhão. Os sinais de burnout - uma exaustão profunda e uma falta de motivação avassaladora - manifestaram- -se de maneira clara, e, pela primeira vez, Manuel Adão viu- -se sem forças para continuar.
A busca pela alta performance é um objectivo legítimo e muitas vezes necessário no ambiente profissional contemporâneo, mas deve ser encarada com responsabilidade e autocuidado. O burnout não deve ser visto como um tropeço, mas sim como um alerta para a necessidade de reavaliar prioridades e práticas de trabalho. Com a adopção de tendências voltadas para o bem- -estar e a criação de ambientes de trabalho mais saudáveis, é possível equilibrar a ambição com o cuidado necessário, e garantir não apenas a eficiência, mas também a felicidade e a saúde dos profissionais.
O conceito de burnout, ou esgotamento profissional, ganhou destaque nas últimas décadas, especialmente em um mundo onde a busca por alta performance e produtividade é cada vez mais valorizada. À medida que as exigências em ambientes de trabalho se intensificam, a saúde mental dos profissionais começa a ser impactada, e produz um ciclo vicioso que pode resultar em sérias consequências físicas e emocionais. Nesse cenário, algumas tendências emergem e ganham destaque.
Uma das principais tendências é a crescente conscientização sobre a saúde mental no ambiente de trabalho. As empresas começam a reconhecer que o bem-estar dos funcionários não pode ser negligenciado, e que a produtividade a longo prazo está intrinsecamente ligada à saúde emocional das equipas. Programas de bem-estar e iniciativas de apoio psicológico têm sido implementados por muitas organizações, na busca não apenas de prevenir o burnout, mas também promover um ambiente onde os colaboradores possam se sentir valorizados e apoiados.
Outra tendência é a flexibilização do trabalho. Com o aumento do trabalho remoto, impulsionado pela pandemia da Covid-19, muitas empresas adoptaram modelos híbridos que permitem aos colaboradores equilibrar as suas vidas profissionais e pessoais de maneira mais saudável. Essa flexibilidade, quando bem implementada, pode ajudar a reduzir o estresse e proporcionar um espaço para que os trabalhadores recuperem as suas energias, além de favorecer um ambiente de trabalho mais inclusivo.
Além disso, a cultura organizacional também tem sido um foco central nas discussões sobre burnout. Organizações que valorizam a comunicação aberta, feedback construtivo e o reconhecimento dos esforços dos colaboradores tendem a apresentar menores índices de esgotamento emocional. A promoção de uma cultura de equipas coesas e solidárias é crucial para mitigar os efeitos do estresse crónico e criar um ambiente que priorize a saúde mental.
Leia o artigo integral na edição 797 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)