O estado da nação das pessoas
É preciso parar este ciclo. Os pequenos poderes corrosivos causam grandes males ao contexto diário e num contexto com poucas referências, liderar pelo exemplo é a melhor forma de inspirar e fazer acreditar que há futuro.
"Não é o dinheiro que importa. São as pessoas que você tem e como você as lidera."
O Estado da Nação das pessoas refere-se ao estado ou condição em que as pessoas de um país se encontram e é uma forma, na verdade, de avaliar diversos aspectos sociais, económicos e políticos que afectam a vida e bem-estar em geral. Isso pode incluir a qualidade de vida, o nível de desenvolvimento humano, a igualdade de oportunidades, a segurança, entre outros. O contexto PESTEL desempenha um papel determinante nos riscos e na prosperidade dos negócios e das pessoas, pois influencia a forma como as empresas e indivíduos se desenvolvem e engrandecem e, por consequência, no Estado da Nação.
Por mais voltas que se dê à teoria económica e às teorias de governance, é o contexto da nação que permite as pessoas alcançarem , a sua qualidade, o seu bem-estar físico e mental, o seu potencial máximo e do país onde estão inseridos. Portanto, não podemos omitir na comunicação, e nas análises estratégicas, a velocidade de crescimento da variável populacional e a qualidade desse capital versus o valor acrescentado que se ambiciona. E se governance, que deriva do latim "gubernare", significa "dirigir, guiar, governar", então implica gestão e controlo, cuja eficácia só é conseguida com informação correcta de qualidade, de quanto? Como? Quando? Aonde? E com quem? E na resposta a todas essas perguntas, estão as pessoas no centro como consequência da qualidade do seu contexto. Então é preciso ter empatia na leitura do contexto para não ampliar ainda mais o distanciamento do governance ou, corre-se o risco de os objectivos e a estratégia não passarem de palavras bonitas em discursos com apenas uma "lista de desejos".
Então, de onde poderá vir a cegueira na leitura do governance sobre o contexto da nação? Espreitando a experiência socialmente famosa realizada na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, em 1971, para estudar as dinâmicas de poder e autoridade num ambiente simulado de prisão, em que os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: prisioneiros e guardas. Essa experiência demonstrou como o poder pode influenciar e corromper as pessoas. Os guardas, que haviam sido selecionados aleatoriamente como participantes normais, assumiram rapidamente o papel de opressores e começaram a exercer controle extremo sobre os prisioneiros. Eles usaram tácticas psicológicas e físicas para submeter e humilhar os prisioneiros, criando um ambiente de medo e abuso, evidenciando como o poder pode levar à cegueira moral e à falta de empatia.
A experiência de Stanford de 1971 ensinou lições importantes sobre a cegueira do poder e o efeito da autoridade. Ensinou igualmente e destaca o impacto que o ambiente e contexto podem ter sobre o comportamento humano, e apontam para a importância de questionar e fiscalizar o poder, suas políticas e ações.
Pelo que voltamos ao início, é crucial criar ações e exemplos que construam um contexto favorável e um clima favorável aos negócios, como políticas governamentais favoráveis e estabilidade económica.
A cegueira e os exemplos do estilo "eu mando e posso" estão sem surpresa a repercutir na base, mas esquecendo que em causa está a manutenção do principal ingrediente do desenvolvimento: as pessoas. Pessoas que sofrem e se desgastam diariamente devido às ações dos pequenos poderes, que possuem, grande poder de serem corrosivos, e causam cansaço ao já difícil ambiente de negócios sendo ainda agentes de deterioração da confiança e da coesão social.
Leia o artigo integral na edição 750 do Expansão, de sexta-feira, dia 10 de Novembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)