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Grande Entrevista

"Nós já fomos para Portugal e vamos fazer o mesmo nos Estados Unidos"

Manuel Mamboza | Administrador da Omatapalo

Ainda no rescaldo da cimeira de negócios EUA-África, o gestor aborda a entrada em novos mercados, os projectos em carteira, o acesso a financiamentos e as relações com o Governo num contexto de menor investimento público.

Recentemente, Angola recebeu a cimeira de negócios EUA-África, que foi pela primeira vez realizada em Luanda. A Omatapalo investiu bastante para estar presente naquele evento. Para uma empresa, é uma estratégia que faz sentido? Estas cimeiras de negócios são momentos realmente importantes?

Para a Omatapalo, obviamente, a cimeira de negócios EUA-África representou um marco muito importante para Angola, para África. Angola cimentou aqui uma posição de liderança estratégica na região. Tivemos cá em Angola vários chefes de Estado, empresas africanas, americanas, que obviamente dão aqui um destaque maior. Todo o trabalho em Angola tem sido feito do ponto de vista de sustentabilidade, de novos negócios, de desenvolvimento. E a Omatapalo obviamente que faz parte da história que tem sido construída em Angola. A nossa empresa está associada a esta história de desenvolvimento e de implementação dos projectos estruturantes que o País tem. Para nós, a cimeira foi importante porque também nos ajuda a catapultar a nossa imagem como grupo. Um fórum desta dimensão ajuda-nos a reforçar as parcerias que já existem, tendo aqui os presentes os nossos parceiros americanos. Isto para nós é essencial. Esta cimeira foi sobretudo uma plataforma de negócios, de integração, de relações diplomáticas. A Omatapalo tinha de fazer parte.

Vocês olham para este tipo de encontros como uma oportunidade para fazer contactos de alto nível, procurar novos negócios e conhecer aquilo que as outras empresas estão a fazer ou a vossa agenda é marcada mais por uma perspectiva e abordagem institucional, de mostrarem que estão aqui, de afirmar a marca?

Seguimos as duas abordagens. Eu acho importante essa perspectiva mais institucional, de afirmação, de mostrar que estamos cá, de sublinhar que nós somos parceiros estratégicos do desenvolvimento de Angola. E quando se fala de negócios e parcerias de desenvolvimento, nós queremos estar sempre presentes. Simultaneamente, também queremos estabelecer novas parcerias, novos negócios, em várias áreas do sector tecnológico. Nós estamos a fazer muitos projectos e a componente tecnológica é importante para o sector em que nos enquadramos. Também é importante para a obtenção de novas linhas de financiamento. Nós somos uma empresa internacional, que quer acessar outros mercados internacionais e ter recursos internacionais para a sua operação. Nesse sentido, as duas perspectivas são relevantes. Nós estamos cá e vamos continuar a estar cá em Angola e isso também é importante sublinhar.

Às vezes, fica a sensação que estes encontros não são os espaços mais adequados para materializar negócios e que são apenas uma plataforma política e de relações públicas. Em jeito de balanço, na vossa perspectiva, na visão do gestor e da empresa que necessita de novos contratos, como avalia o impacto da cimeira? Qual é o efeito prático?

Qual é o efeito? As cimeiras para nós são importantes do ponto de vista do negócio, também já presenciamos essa realidade. O último acordo que assinámos com a Sun Africa foi rubricado numa cimeira deste género. Ou seja, nós saímos daquela cimeira, de facto, com um negócio materializado, com um negócio efectivo para Angola. E acreditamos que esta cimeira, quer para a Omatapalo, quer para outros parceiros, também pode dar origem a negócios firmados, do ponto de vista formal, mas também do ponto de vista das relações e da expansão da nossa rede de contactos. Isto tem um valor inestimável.

Estão presentes altas figuras da política e dos negócios e, no fundo, aproveita-se a ocasião também para estender as redes de contactos.

Exactamente, essa é outra vertente, estas cimeiras acabam por ser uma oportunidade para apostar na expansão da rede de contactos e reforçar a afirmação da marca. Para nós, a Omatapalo é uma marca, uma marca forte, uma marca angolana. E estar em cimeiras como esta também nos permite reforçar a nossa imagem de marca, que é uma marca de excelência nacional - nós nos consideramos assim devido ao que temos feito, aos projectos que temos entregue. Estes eventos ajudam-nos neste sentido. E do ponto de vista prático, eu acho que tem esse efeito: afirmarmos o negócio, expandirmos a nossa rede de contactos e reforçarmos a imagem da marca Omatapalo.

No caso das parcerias e da relação entre a Angola e os Estados Unidos, a Omatapalo tem agora uma gestora de topo dedicada apenas às vossas operações naquele país, que é também uma das maiores, mais competitivas e mais complexas economias do mundo. Qual é o vosso interesse nos Estados Unidos ao ponto de ter uma pessoa responsável por esse mercado? É só por causa da parceria da Omatapalo com a Sun Africa?

A parceria com a Sun Africa tem um papel fundamental, obviamente. Temos lá competências instaladas que nos podem representar, que podem ser o rosto e a imagem da Omatapalo e ser interlocutores viáveis da Omatapalo nos Estados Unidos. Mas a presença de um quadro como a Jeannine Scott nos Estados Unidos também está relacionada com a perspectiva de prospecção de novos negócios. Somos uma empresa com provas dadas, uma empresa com competências muito fortes, em Angola e fora de Angola - não estamos presentes apenas em Angola. Compreendemos o mercado norte-americano como um mercado desenvolvido, um mercado exigente, mas, ainda assim, acreditamos que conseguimos fazer negócios lá e expandir a nossa actividade. E o trabalho de uma directora-geral, ou de um CEO nessa geografia, significa fazer essa prospecção de mercado, procurar novas parcerias, trazer para nós, ao nível da gestão da empresa, que está aqui em Angola, perspectivas e tendências do mercado americano. Estamos confiantes de que este investimento, este posicionamento que temos, vai dar frutos num mercado como o dos EUA, apesar das dificuldades que sabemos que vamos encontrar. Estamos conscientes de que vamos entrar num mercado muito mais concorrencial, muito mais competitivo do ponto de vista tecnológico.

Normalmente é ao contrário, estamos mais habituados a receber investimentos dos EUA do que ver uma empresa nacional a investir nos EUA.

A Omatapalo é uma empresa angolana, nascida em Angola, mais precisamente no sul de Angola, no Lubango. Somos muito orgulhosos de termos nascido na província onde nascemos, com essas raízes muito locais. Que agora vão até aos Estados Unidos. Mas nós já fizemos esse caminho, porque já fomos para Portugal, nós temos projectos em Portugal, projectos consolidados. E vamos fazer o mesmo nos Estados Unidos. Obviamente, com as dificuldades e salvaguardando as devidas proporções, porque o mercado americano tem um impacto diferente. Mas estamos conscientes de que vamos fazer isso também no mercado americano. É um objectivo estratégico do grupo.

Leia o artigo integral na edição 833 do Expansão, de Sexta-feira, dia 04 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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