A indústria mineira está hoje a passar por um momento decisivo. Após anos de alguma "má fama" junto da sociedade civil e responsáveis políticos, por exemplo, sobre o impacto ambiental das suas operações. O sector encontra-se agora numa posição privilegiada para contribuir para uma transição verde, exigida pelas alterações climáticas, pela transição energética emergente e pelo Mundo em geral.

Os exemplos são inúmeros e alguns minerais, como o silício (essencial para a produção de energia solar e eólica), o níquel e o cobalto (base das baterias e motores elétricos), ou o cobre (utilizado para fazer cabos de transmissão, disjuntores e outros componentes elétricos) ajudam a indústria mineira a alimentar o mundo, e devem também liderar o caminho para um futuro sem carbono. As empresas de mineração precisam de inovar na forma como medem os impactos da sua actividade. A Inteligência Artificial, por exemplo, depende de vários minerais, como os semicondutores, que contêm metais que serão cada vez mais procurados à medida que cresce a prevalência desta tecnologia.

Estima-se que os avanços das próximas décadas exijam cada vez mais recursos minerais. Por outro lado, a integração da tecnologia nas operações permite uma maior eficiência operacional, uma redução de custos, e a mitigação dos impactos ambientais. Muitas são as empresas de mineração que já introduziram Inteligência Artificial no seu processo de exploração e reportaram reduções, de tempo e custos, entre 20% e 30%.

Todos sabemos que o continente africano está na linha da frente para beneficiar destas alterações, e Angola destaca-se por possuir 36 dos 51 minerais mais críticos do mundo, incluindo cobalto, cobre, grafite, minério de ferro, lítio, manganês, neodímio e praseodímio, recursos essenciais para uma economia global mais verde e cuja procura tem vindo a aumentar substancialmente.

O Governo angolano espera começar a produção de neodímio e praseodímio, utilizados nas baterias dos carros elétricos, até 2027. Existem já planos semelhantes para o cobre e o nióbio. Isto significa que Angola pode e deve dar um grande salto em termos da mineração de minerais críticos nos próximos cinco anos.

Existem, portanto, razões para estarmos otimistas uma vez que o enquadramento regulatório do sector mineiro sofreu alterações profundas nos últimos anos, devendo contribuir para este salto do sector em Angola. Para além disso, Angola é membro (desde 2022) da Extractive Industries Transparency Initiative (EITI), uma plataforma internacional que visa aumentar a transparência das relações entre os responsáveis públicos e privados, prevenir os casos de corrupção, e fomentar um ambiente de negócios capaz de atrair novos investidores. Visando prestar mais apoio especializado ao sector e salvaguardar os impactos ambientais, foi ainda criado um plano nacional de formação para profissionais da geologia.

Nos últimos anos diversos grupos internacionais apostaram em Angola nas atividades de prospeção e exploração mineira, por reconhecerem o potencial angolano para um mundo mais sustentável. Recentemente, as autoridades norte-americanas confirmaram que vão continuar a prestar apoio financeiro a Luanda no âmbito do Corredor do Lobito, infraestrutura cujo objectivo é o transporte de minerais vindos do interior de África para o porto da cidade angolana - diminuindo assim a pressão sob rotas mais a Sul e sendo uma fonte geradora de riqueza para Angola.

Existem sinais positivos para o futuro da indústria de mineração em Angola, mais regulamentação, maior concorrência e um território rico em materiais essenciais para o futuro do nosso planeta. Ainda assim, alguns desafios ainda persistem, por exemplo, e de acordo com um estudo do Instituto Superior Politécnico Metropolitano de Angola, apresentado recentemente no 3.º Fórum Banca & Mineração, os bancos comerciais angolanos ainda mostram "resistência" em financiar a indústria mineira devido aos "riscos".

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