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EXPANSÃO - Página Inicial

Gestão

Open for business e turismo

EM ANÁLISE

O investidor ficava entusiasmado com as possibilidades, mas negócio é negócio e, na hora das evidências, o custo inicial de investimento, mais os extras com o gerador, bomba de água e segurança, sem falar nas toneladas de "carimbos", somado aquilo a que se chama "gasosa", mostravam na análise de rentabilidade que o investimento corria o risco de ser inviável.

Estive atenta à história do Open for business e turismo! A tabuleta está colocada na porta e agora os interessados vão chegar. "Bom dia, sou um homem muito rico que tenho investimentos em todo o mundo e quero continuar a diversificar o meu portfolio. O que tem para oferecer?" O investidor olhou..., e a resposta foi: TUDO! Tudo o que o senhor quiser neste território lindo, rico, cheio de sol e simpático.

Passada a primeira surpresa, o optimista, mas experiente, investidor apresentou o seu projeto, que foi muito aplaudido pela pertinência e alavanca na diversificação da economia. Manteve conversas com os investidores do território lindo que foram todas interessantes, mas as respostas pragmáticas no que havia para oferecer como contrapartida... foram respostas simpáticas: temos sol, água e jovens. Respostas sobre a estrutura de custos, sobre a capacidade técnica e humana do lindo território, foram "estamos aqui para aprender". OK! Open for business! Então mostre a sua contabilidade, modelos de governança e sistemas de controlo. Aí a resposta levou... tempo, tempo... e mais tempo. Tempo em negócios é dinheiro. O tempo é também uma variável de confiança no retorno do investimento.

O experiente investidor começou a ficar confuso, mas o optimismo nacional respondeu "esteja tranquilo. We are ready for business e turismo!" O país é lindo e enquanto espera faça turismo. O investidor ficava entusiasmado com as possibilidades, mas negócio é negócio e, na hora das evidências, o custo inicial de investimento, mais os extras com o gerador, bomba de água e segurança, sem falar nas toneladas de "carimbos", somado aquilo a que se chama "gasosa", mostravam na análise de rentabilidade que o investimento corria o risco de ser inviável. Ups! E então? Quais são as contrapartidas para os investimentos que vêm de fora? Todos de acordo que o investimento estrangeiro é útil na inovação, na transferência de tecnologia; é útil nos novos mercados enquadrados em sistemas avançados de organização. Todos de acordo, mas, ... sempre os mas, ... o caminho para a prática era obscuro e cheio de "faz favor".

O investidor sabia que na analíse de riscos para o investimento não basta a observação quantitativa e financeira com objectivos prospectivos; é crucial a análise de variáveis não financeiras, qualitativas e informação histórica de experiências semelhantes. O diagnóstico nesse sentido revelou um alto risco na obtenção de licenças, atrasos de pagamentos, incumprimento de contratos, corrupção (um custo adicional) e a incerteza permanente dos custos efectivos por inerência da volatilidade das variáveis macroeconómicas.

Ainda assim, o investidor optimista seguiu resiliente, mas não conseguiu terminar as contas do potencial de rentabilidade quando percebeu que o baixíssimo poder de compra da população colocava em risco o seu produto aliando ao facto de que a ineficiência da administração pública, as constantes revistas dos inspectores, as operações stop em qualquer rua, incluindo nos trajectos para zonas turísticas, os permanentes e constantes pedidos de passaporte, enfim, uma série de obstáculos quotidianos que tinha um poder corrosivo na sua energia positiva. O entusiasmado homem muito rico começou a ficar cansado de não conseguir se estabelecer, até porque não tinha o lobby e a força das grandes empresas. Lamentou-se. Sem ter hipóteses de escolher, pois os negócios precisam de segurança e previsibilidade, ... pegou no seu avião e pensou... "que pena! Um país lindo, cheio de potencial, as pessoas agradáveis com vontade de aprender"! Mas tanta mão estendida... Os negócios têm que ser sustentáveis, produtivos e as regras de confiança robustas, pois negócio não é caridade. Foi-se embora do país lindo, rico e simpático. Fiquei triste. Gosto mais de histórias que contam que... "foram felizes para sempre" ...