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África

África Subsariana tem que apostar fortemente na Educação

Melhores empregos dependem da qualificação

"A juventude de África terá de ter uma boa educação e ser bem qualificada para poder aceder a melhores empregos e tirar partido das novas oportunidades da economia digital e verde", sublinha Tihtina Zenebe Gebre.

Apesar dos sinais que mostram uma frágil recuperação económica, de 3% em 2024, África Subsariana continua a avançar em "velocidade lenta", com uma grande população juvenil em risco de ser deixada para trás se os governos não derem impulso aos investimentos na educação, um factor essencial para garantir uma juventude qualificada, adverte o Banco Mundial, na última edição do Africa"s Pulse.

Ao actualizar as previsões de crescimento, o relatório Africa"s Pulse chama a atenção para dois factores que são fundamentais para impulsionar um crescimento inclusivo. Por um lado, estabilizar as economias, o que de alguma forma está a ser feito uma vez que os "saldos fiscais estão a melhorar à medida que os governos cortam despesas e aumentam as receitas". E, por outro, é fundamental "transformar a educação para dotar a crescente força de trabalho da região com competências fundamentais e conhecimentos relevantes" para a sua entrada no mercado de trabalho.

"Os governos africanos estão a dar passos largos para estabilizar as suas finanças e colmatar as lacunas orçamentais," sublinha Andrew Dabalen, economista chefe do Banco Mundial para a Região de África, no dia em que foi divulgado o relatório de Outubro, com o tema "Transformação da educação para o crescimento inclusivo".

Mas esta recuperação "não é suficiente para tirar milhões de pessoas da pobreza" e os "elevados encargos com a dívida estão a limitar os investimentos em áreas críticas como a educação, a saúde e as infraestruturas, que são essenciais para um crescimento inclusivo a longo-prazo".

A população africana em idade activa está a expandir-se mais rapidamente do que em qualquer outra região, impulsionada por uma maior taxa de sobrevivência infantil em relação às últimas duas décadas. No entanto, África Subsariana "gasta menos em educação per capita do que qualquer outra região", notam os autores do Africa"s Pulse, estimando que para atingir a educação universal até 2030, os sistemas de educação precisariam de absorver mais 170 milhões de crianças e adolescentes. Isto exige a construção de mais 9 milhões de salas de aula e a contratação de mais 11 milhões de professores, um "desafio assustador", embora a região tenha dados passos significativos.

Despesas inteligentes

Actualmente, estão matriculadas nas escolas primárias e secundárias 270 milhões de crianças, e as taxas de conclusão das escolas primárias melhoraram substancialmente desde 2000. Contudo, 7 em cada 10 crianças na região ainda não têm acesso à educação pré-primária, e menos de 1,5% dos jovens de 15 a 24 anos estão matriculados num curso de formação profissional, em comparação com 10% nos países com altos rendimentos.

"Olhando para o futuro, a juventude de África terá de ter uma boa educação e ser bem qualificada para poder aceder a melhores empregos e tirar partido das novas oportunidades da economia digital e verde," diz Tihtina Zenebe Gebre, especialista sénior em Educação do Banco Mundial que colaborou na elaboração do relatório. "O planeamento baseado em evidências e as despesas inteligentes serão cruciais para expandir o acesso, melhorando ao mesmo tempo os resultados da aprendizagem e do emprego."

Os autores do Africa"s Pulse consideram ainda necessário "apoiar o empreendedorismo e as novas empresas". Permitir o crescimento de pequenos negócios e atrair empresas maiores e já estabelecidas "é também essencial para que os graduados qualificados encontrem oportunidades de emprego adequadas quando tentarem entrar e progredir no mercado de trabalho".

A actualização económica regional semestral do Banco Mundial antecipa um crescimento de 3% para a região este ano, que compara com os 2,4% de 2023, impulsionado pelo "aumento do consumo privado e do investimento", e 4% em 2025 e 2026.

Ainda assim, os 3% de crescimento representam uma descida de 0,4 pp relativamente às previsões de Abril, e são inferiores aos 3,6% projectados pelo FMI para a região, que assiste a um aumento dos conflitos violentos e da repressão, factores que estão a pesar no sentimento empresarial, atrasando decisões de investimento do sector privado, e dificultando o comprometimento com contratos comerciais, como contratações e acordos de compra

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