Reino Unido ameaça vetar entrada de angolanos devido a emigração ilegal
Londres acusa as autoridades nacionais de falta de cooperação na questão das deportações de imigrantes ilegais, cujo número desconhecido. A embaixada de Angola no Reino Unido nega falta de empenho e promete encontrar uma saída.
Angola faz parte de um leque de três países africanos, do qual fazem parte a Namíbia e a República Democrática do Congo (RDC), que poderão ver restringida a concessão de vistos de entrada no Reino Unido por não cooperarem o suficiente com as autoridades locais, nos processos de repatriamento dos seus cidadãos em situação irregular, no âmbito do combate à imigração ilegal, As restrições de vistos aplicar-se-iam a vistos de turismo e vistos VIP e as medidas poderão estender-se a outros países, especialmente aqueles que apresentam "altas taxas de pedidos de asilo" de pessoas que entraram legalmente no Reino Unido.
O Ministério do Interior britânico anunciou que vai apresentar publicamente um pacote legislativo com profundas alterações, que promete alterar as regras de entrada nas ilhas britânicas. A medida visa também reduzir a chegada de migrantes ao Reino Unido vindos do norte da França em barcos de borracha. Esta lei vai tornar quase impossível permanecer no País com um pedido de asilo numa altura em que Angola é acusada de não cumprir com as condições mínimas no que diz respeito ao combate à imigração ilegal para o Reino Unido
Em entrevista à estação Sky News, o secretário de Estado para o Asilo e a Segurança das Fronteiras do Reino Unido, Alex Norris, advertiu que estes três países "têm um mês" para melhorar a situação. O Ministério do Interior argumenta que "milhares de migrantes em situação ilegal originários destes países encontram- -se atualmente no Reino Unido". "A minha mensagem para os governos estrangeiros hoje é clara: aceitem o regresso dos vossos cidadãos ou vão perder o privilégio de poder entrar no nosso país", avisou a ministra do Interior, Shabana Mahmood, em comunicado. Entre as medidas já anunciadas estão a redução da proteção concedida aos refugiados, que serão "forçados a regressar ao seu país de origem assim que for considerado seguro", e a supressão do acesso automático aos apoios sociais para os requerentes de asilo. Nesta altura não existem estatísticas oficiais ou precisas que especifiquem o número exacto de imigrantes angolanos ilegais no Reino Unido, mas fontes oficiais angolanas sugerem apenas que a comunidade ilegal angolana é relativamente pequena em comparação com outras nacionalidades. Segundo o jornal Independent, com base em dados do Ministério do Interior britânico, um total de 834.977 vistos foram emitidos para estrangeiros no ano até junho de 2025 para entrar legalmente no Reino Unido por motivos de emprego, estudo, família ou humanitários. A Nigéria é o quarto país com mais pedidos de visto, a seguir à Índia, em primeiro, China e Paquistão. Os cidadãos da RDC receberam 299 vistos nesse período (0,04% do total), seguindo-se os de Angola (273, 0,03%) e da Namíbia (140, 0,02%). Cinco países, em conjunto, foram responsáveis por mais de metade das pessoas detetadas a entrar no país através de rotas consideradas "irregulares" no ano até junho, de acordo com dados do Ministério do Interior: Afeganistão, a Eritreia, o Irão, o Sudão e a Síria. No ano em referência, houve apenas 11 cidadãos da RDC que chegaram por esta via (0,02% do total), juntamente com três de Angola (0,01%) e nenhum da Namíbia, ainda segundo o jornal britânico Independent.
Aceleração das expulsões
O Governo britânico pretende acelerar as expulsões com a aprovação de uma lei que regulamentaria os recursos judiciais à Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Como é hábito, esse tipo de ameaças, que abrange a generalidade dos vistos, excepto para estudantes, pretende exercer pressão sobre os respectivos governos de modo a cortar o circuito de imigração ilegal para o Reino Unido. No caso de Angola, que deverá apresentar resultados até ao final do ano, a indicação também resulta das facilidades com que cidadãos da RDC, e não só, conseguem documentos nacionais para obtenção de vistos que lhes permite entrar livremente no Reino Unido.
O Expansão tentou, sem sucesso, contactar o Ministério das Relações Exteriores, cujo director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa não respondeu às mensagens e nem atendeu as chamadas telefónicas até ao fecho desta edição. No entanto, a embaixada de Angola no Reino Unido, citada pela Lusa, confirmou ter recebido correspondência do Governo britânico ameaçando com restrições a emissões de vistos, mas negou que tenha deliberadamente obstruído processos de deportação.
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