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Angola

Investimentos, financiamentos e migração juntam africanos e europeus em Luanda

7ª CIMEIRA UNIÃO AFRICANA – UNIÃO EUROPEIA ARRANCA SEGUNDA-FEIRA

O mundo está com os olhos postos no continente africano e no seu manancial de recursos naturais, fundamentais para os processos de transição energética. Hoje, África quer mais e melhores investimentos e condições de financiamento mais sustentáveis e tem outras latitudes a acenar-lhe.

João Lourenço, presidente da União Africana, e Al Mahmoud Ali Youssouf, presidente da Comissão da União Africana, serão os anfitriões 7ª Cimeira União Africana - União Europeia, que juntará em Luanda dezenas de chefes de Estado dos dois blocos na próxima segunda e terça-feira. Investimentos, financiamentos e migração são os principais temas em cima da mesa.

Do lado da União Europeia, estarão presentes a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o líder do Conselho Europeu, António Costa, aos quais se juntarão 18 chefes de Estado e de governo do bloco europeu, entre eles Emmanuel Macron, presidente de França, o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, e Luís Montenegro, primeiro-ministro português, segundo apurou o Expansão. Uma boa parte destes chefes de Estado chega a Luanda depois de ter estado na África do Sul, onde decorre a reunião do G20 (entre 22 e 23 de Novembro). Já do lado africano, estarão presentes 49 países, entre chefes de Estado e de governo e representantes.

O tema da cimeira é "Promover a Paz e a Prosperidade através de um Multilateralismo eficaz" e terá como temas "quentes" questões como os investimentos europeus em África, bem como os financiamentos e o acesso a eles por parte dos países africanos. A questão da migração - que na Europa tem sido muito discutida, gerando debates acalorados sobre políticas de imigração, fronteiras e identidade nacional e tem sido aproveitada como tema da bandeira da extrema-direita - também será debatida e abordada durante a cimeira que junta chefes de Estado e de governo da UE e da UA.

"A migração e a mobilidade, se forem bem geridas de acordo com as necessidades e competências nacionais, podem ser uma oportunidade. Podem ser um catalisador para o desenvolvimento económico, social e humano tanto dos países de origem como dos países de acolhimento", refere um documento sobre a importância estratégica da parceria UE-UA, da autoria do espaço europeu, a que o Expansão teve acesso.

Neste documento, é referido que a UE "continua a ser o principal parceiro comercial de África, o principal investidor por uma larga margem, o principal parceiro em matéria de paz e segurança, o principal fornecedor de Ajuda Oficial ao Desenvolvimento (AOD) e o principal doador humanitário. O comércio da UE com África ascendeu a 366 mil milhões de euros (Eurostat, 2023), representando 33% do comércio total de África (FMI). O stock de IDE da UE no continente africano foi de 239 mil milhões de euros (Eurostat, 2023) - aproximadamente 7 vezes superior ao stock de IDE da China no continente (36 mil milhões de euros em 2023, UNCTAD)".

Já do lado africano, a cimeira é encarada com expectativa, e com a certeza de que o espaço europeu cada vez mais tem concorrência de outros blocos económicos como a China ou os EUA. Isto porque o continente africano detém 60% dos recursos solares globais e 30% dos minerais essenciais para as transições verde e digital e esse é um "trunfo" na mão de um continente que se sente afastado das grandes praças financeiras e do acesso ao financiamento sustentável, fortemente penalizado por altas taxas de juro que os mantém agarrados a um ciclo de dependência e de financiamentos para pagar financiamentos. Este ciclo de endividamento acaba por travar investimentos fundamentais em infraestrutura para potenciar o desenvolvimento das economias de forma a que seja aproveitado o potencial de capital humano do continente.

Nesta encontro é também esperado o avanço definitivo do Acordo de Samoa África-UE, cuja ratificação plena deverá contar com a participação activa dos parlamentos e da sociedade civil. Outro ponto central será o impulso ao pacote de investimentos da Global Gateway, avaliado em 150 mil milhões de euros, destinado a infraestruturas e projectos estratégicos no continente africano. Até à data, mais de metade dos 264 projectos emblemáticos do Global Gateway centram-se em África, tendo sido lançados novos projectos no Fórum Global Gateway de Outubro de 2025 sobre a geração de energia renovável, a produção de vacinas, as cadeias de valor agrícola ou o desenvolvimento de corredores.

Ursula von der Leyen, Mahmoud Ali Youssouf e João Lourenço dão início à cerimónia que decorre na próxima segunda-feira, a partir das 9:30, no Salão Protolocolar da Presidência da República, na Nova Marginal de Luanda, adjacente à Praça da República.

Nesta cimeira irão decorrer eventos paralelos, como o Fórum da Juventude e da Sociedade Civil UA-UE, que reúne jovens líderes, inovadores e organizações da sociedade civil de África e da Europa para trocar perspectivas e desenvolver recomendações políticas sobre questões como o emprego dos jovens, a inovação, a resiliência climática, a governação e a inclusão social.

Neste evento que assinala o 25º aniversário da Parceria UA-UE, decorrerá ainda o fórum empresarial, co-organizado com a African Business, a European Business e outros parceiros do sector privado, que "proporcionará uma plataforma para empresários, investidores e decisores políticos explorarem parcerias nas áreas das infraestruturas, energia sustentável, agronegócio, indústria transformadora, economia digital e indústrias criativas".

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