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África

Futuro energético de África passa por várias fontes de energia e não apenas uma

ESTRATÉGIA ENERGÉTICA EM DISCUSSÃO NO EGIPTO NA COP27

O continente tem de evitar a "armadilha das economias que apostaram em sistemas energéticos obsoletos, que as sobrecarregaram com activos irrecuperáveis e perspectivas económicas limitadas", defende documento.

Com 13% das reservas de gás natural do mundo, 7% de petróleo e 60% dos recursos solares, o futuro energético de África deve passar por uma estratégia diversificada e não por uma abordagem única. Isso mesmo defende um documento que vai estar em análise na Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, que tem início segunda-feira, 7, em Sharm el-Sheikh, no Egipto.

A COP27 tem como ambição "planear a implementação" das promessas para tornar o Acordo de Paris totalmente operacional, segundo a presidência egípcia, e conter o aquecimento global a 1,5 º C. "A transição energética exigirá diferentes caminhos, arquétipos e fases de transição de energia que sejam flexíveis, que tenham em conta as especificidades de cada país/região e que sejam sustentáveis", defende o documento.

Aponta à construção de "sistemas energéticos modernos, resilientes e sustentáveis em todo o continente para evitar a armadilha das economias que apostaram em sistemas energéticos obsoletos, que as sobrecarregaram com activos irrecuperáveis e perspectivas económicas limitadas".

O Relatório de Progresso da Energia 2022 mostra que 568 milhões de pessoas na região subsariana não têm acesso a electricidade e 900 milhões não têm acesso a combustíveis e tecnologias de cozinha limpas. Isto, apesar do "vasto potencial de recursos em energia eólica, solar, hídrica e geotérmica para satisfazer as suas necessidades energéticas" e dos "abundantes recursos minerais essenciais para a produção de energia eléctrica, baterias, turbinas eólicas e outras tecnologias de baixo carbono para apoiar a transição global, criando valor local".

Todo este potencial estará em análise durante a COP27, que reúne até 18 de Novembro líderes políticos e económicos mundiais, e está em linha com o que defenderam representantes da indústria do gás, durante uma conferência, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos.

Potencial energético

"Vários países africanos descobriram, nos últimos anos, muito gás e precisam de desenvolver esse potencial para terem uma vida melhor para o seu povo e também para a industrialização", defendeu Osama Mobarez, secretário-geral do Fórum do Gás do Mediterrâneo Oriental.

O continente tem de apostar na construção de oleodutos e gasodutos, terminais de gás natural liquefeito (GNL), centros de distribuição e centrais eléctricas alimentadas a gás, durante os próximos 20 anos, para desbloquear o seu mercado energético de 600 milhões de pessoas, defenderam analistas citados pela Reuters, notando que as energias renováveis não são suficientes para ajudar África a recuperar o atraso. "O vento e a energia solar não vão ajudar África a industrializar-se. Eles precisam de ter acesso aos hidrocarbonetos. Há um sentido em que é uma transição injusta para África", frisou Joseph McMonigle, secretário-geral do Fórum Internacional da Energia.

A 19 de Outubro, mais de 250 revistas de saúde, entre as quais a The Lancet e o The New England Journal of Medicin, publicaram, em simultâneo, um apelo aos líderes mundiais para que ajudem África na crise climática que atravessa, e para a qual pouco contribuiu. Atingir a meta de 100 mil milhões USD por ano de financiamento climático é agora "globalmente crítico se o objectivo for evitar os riscos sistémicos de deixar as sociedades em crise", defendem. No total, estima-se que a crise climática tenha destruído um quinto do PIB dos países mais vulneráveis aos choques climáticos.