Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

África

Níger está entre os que mais crescem, África do Sul estagna

ECONOMIC OUTLOOK DO FMI PÕE PRODUTORES DE PETRÓLEO ABAIXO DO MEIO DA TABELA

Mais de um terço da economia global irá contrair-se este ano ou no próximo, enquanto as três maiores economias - EUA, União Europeia e a China - continuarão estagnadas. FMI adverte que "pior ainda está para vir". África do Sul, entre os que menos crescem na região, e Guiné Equatorial "afundam" em 2023.

As Seicheles e o Níger são os países que mais crescem na África Subsariana, com taxas de 10,9 e 6,7% segundo as projecções de crescimento do FMI, que adverte para o agravar da crise económica global em 2023. Os dois principais produtores de petróleo - Angola e Nigéria - têm previsões de crescimento modestas, estando entre os 17 países que menos crescem, enquanto a África do Sul está no fundo da tabela. O país mais industrializado de África Subsariana deve fechar 2022 com um crescimento de 2,1% e cai para 1,1% em 2023, a segunda pior taxa de crescimento da região, num ano em que mais de um terço da economia mundial deverá entrar em recessão.

A economia global, segundo o Economic Outlook do FMI, que actualiza as previsões de Julho, continua a enfrentar fortes desafios, moldados pelos efeitos prolongados de "três forças poderosas": a invasão russa da Ucrânia - o país com a pior taxa de crescimento do mundo este ano (-35%), uma crise do custo de vida causada por persistentes e crescentes pressões inflacionistas e o abrandamento da actividade económica da China.

O Outlook de Outubro do FMI projecta que a taxa de crescimento mundial se mantenha inalterada em 2022, nos 3,2%, e que abrande para 2,7% em 2023, 0,2 pontos percentuais abaixo de previsão de Julho. Mais de um terço da economia global irá contrair-se este ano ou no próximo, enquanto as três maiores economias - os EUA, a União Europeia e a China - continuarão estagnadas, com taxas de crescimento de 0,7%, 3,1% e 3,2%, respectivamente. O FMI adverte que o "pior ainda está para vir", com muitos países a sentirem a recessão em 2023.

A contração de 3,4% na Rússia será menos severa do que o previsto (-6%) graças às exportações de petróleo, à procura interna e às políticas orçamentais e monetárias que restauraram a confiança no sistema financeiro. "A invasão russa da Ucrânia continua a ser poderosa a desestabilizar a economia global. Para além da escalada e destruição sem sentido de vidas e meios de subsistência, conduziu a uma grave crise energética na Europa que está a aumentar acentuadamente os custos de vida e a dificultar a actividade económica", sublinha Pierre-Olivier Gourinchas, conselheiro económico do FMI.

Produtores de petróleo

Apesar de um contexto de preços altos dos combustíveis e da energia, os dois principais países produtores de petróleo na região de África Subsariana - Angola e Nigéria - estão a perder terreno, com taxas de crescimento de 2,9% e 3,2%, respectivamente, este ano e 3,4% e 3% em 2023. A Guiné Equatorial, que este ano cresce 5,8%, dá um trambolhão em 2023, com uma contração de 3,1. Já países como o Níger e a República Democrática do Congo (RDC) aceleram e lideram as perspectivas de crescimento na região. O Níger é o segundo país que mais cresce em 2022 e em 2023, e a RDC sobe uma posição, passando do quarto maior crescimento do PIB em 2022 (6,1%) para terceiro (6,7%).

As pressões sobre os preços "têm-se revelado bastante teimosas e uma grande fonte de preocupação para os decisores políticos", refere Pierre-Olivier, que antecipa que a inflação global atinja o seu pico no final deste ano, permanecendo elevada por mais tempo do que previsto. O ambiente externo, num cenário de elevada inflação e valorização do dólar americano, que atingiu o nível mais alto desde 2000, exige atenção redobrada dos bancos centrais e aumenta as pressões internas sobre os preços e o custo de vida nas economias emergentes e em desenvolvimento.

"Demasiados países de baixos rendimentos estão em situação de endividamento ou perto disso. Progressos em direcção a reestruturações ordenadas da dívida, através do Quadro Comum do G20 para os mais afectados é urgente e necessário para evitar uma onda de crise de dívida soberana", afirma o conselheiro económico do FMI, reforçando alertas feitos por outros organismos.

O presidente do Banco Mundial alertou no início da semana que o mundo "enfrenta a 5ª vaga de crise da dívida". David Malpass estima em 44 mil milhões USD o incumprimento nos pagamentos do serviço da dívida em 2022, valor "muito superior" aos fluxos de ajuda externa que os países pode[1]riam esperar.