África tem apenas 5,7% da população vacinada. O primeiro-ministro italiano diz que é "moralmente inaceitável"
A reunião dos G20 que se realiza em Roma, neste sábado, 30, tem como tópicos da agenda a economia, a saúde e o clima, e como tudo isto se interliga, daí que Mario Draghi, o primeiro-ministro italiano e um dos tecnocratas mais reputados do continente europeu, tenha falado da iniquidade na distribuição e administração das vacinas
Mário Draghi afirmou que as iniquidades na distribuição e administração das vacinas que não só estendem a pandemia com também desencadeia problemas para a economia global.
"Nos países deseenvolvidos, mais de 70% da população recebeu pelo menos uma dose (da vacina)", disse Draghi, "nos mais pobres, essa percentagem cai para cerca de 3%", e acrescentou, "estas diferenças são moralmente inaceitáveis ??e prejudicam a recuperação global."
Draghi fez ainda referência a uma promessa, feita pelo grupo das 20 economias mais fortes do planeta, de vacinar 70% da população mundial até meados de 2020. O objectivo era ambicioso e exigia que os países ricos tivessem dado mais apoio aos países mais pobres.
Em África, apenas 5,7% da população está totalmente vacinada. A maioria das doações anunciadas pelos principais países ainda não foi feita. A Covax, uma iniciativa apoiada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a distribuição de vacinas, indicou, no mês passado, que não alcançaria meta de entregar 2 mil milhões de doses de vacinas aos países com baixa e média renda até o final deste ano e fez uma revisão do seu objectivo para 30% deste número de doses.
"Precisamos fortalecer as cadeias de abastecimento, ao mesmo tempo em que expandimos a capacidade de produção de vacinas ao nível local e regional", disse, ainda, Mário Draghi.
A People's Vaccine, uma aliança que inclui a Oxfam e a Amnistia Internacional, divulgou, na semana passada, que das 1,8 mil milhões de doses de vacinas contra o coronavírus prometidas pelos países ricos, apenas 14% foram entregues. O grupo também criticou a União Europeia e outros países por não renunciarem às patentes de vacinas contra o coronavírus.
Draghi, em seu discurso de abertura desta cimeira do G20, referiu-se a uma cúpula global de saúde de decorreu também em Roma, em Maio deste ano, em que "países e empresas fazerem promessas generosas de vacinas para os países mais pobres". "Devemos ter certeza de que honramos essa promesa agora", afirmou Draghi.