Banco central da China reduz a taxa básica de juro para dar impulso à economia
Medida reflecte o desejo do governo chinês de "aumentar a confiança do mercado e injectar impulso na economia real", tendo em conta os esforços para alcançar um crescimento económico estável, referem analistas.
O governo chinês reduziu, na semana passada, a taxa básica de juro do banco central para empréstimos a bancos comerciais, para estimular a economia, medida que é vista como "sinal claro" das autoridades daquele país asiático, em direcção à flexibilização monetária.
Esta decisão enquadra-se nas promessas de uma abertura mais ampla com vista à flexibilização do capital, como refere o Global Times, jornal do grupo Diário do Povo, ligado ao governo chinês, e surge em contraciclo com os EUA, que vão usar as subidas da taxa de juro como arma para controlar a inflação em 2022.
Os cortes na taxa básica de juro do banco central chinês estão "organizados de acordo com os períodos de empréstimo", explica o diário, que comenta questões internacionais sob uma perspectiva nacionalista.
Observadores do mercado chinês, ouvidos pelo Global Times, referem que a medida adoptada reflecte o desejo do governo chinês de "aumentar a confiança do mercado e injectar impulso na economia real", tendo em conta os esforços que as autoridades têm vindo a fazer no sentido de alcançar um crescimento económico estável, no presente ano, marcado pelos desafios impostos pela pandemia da Covid-19.
Na segunda-feira, 17 de Janeiro, dois dias antes da descida da taxa de referência do banco central, as autoridades chinesas reduziram a taxa de juro da linha de crédito de médio prazo (MLF) em 10 pontos-base, facto que ocorre pela primeira vez desde Abril de 2020.
O Global Times atesta que o comunicado, emitido a 17 de Janeiro pelo Banco Popular da China (PBC, na sigla em inglês), fixa a taxa de juro para empréstimos de um ano em 2,85%, abaixo dos 2,95% anteriores, ao passo que "a taxa de recompra reversa do mercado aberto", foi reduzida de 2,2% para 2,1%.
De encontro às expectativas do mercado
Considera-se que a redução da taxa de juro por parte das autoridades chinesas vai de encontro às expectativas do mercado, associando-se a outras medidas financeiras adoptadas em Dezembro de 2021, como o corte feito pelo PBC à sua taxa de empréstimo de referência. Xi Junyang, professor da Universidade de Finanças e Economia de Xangai, disse ao Global Times, que "à medida que os bancos reduziram os custos de financiamento, o seu espaço para reduzir as taxas de juro do capital que emprestam também tem aumentado".
Outro elemento que tem sido assinalado em relação às medidas estabelecidas pelas instituições chinesas é o facto de, ao contrário "das políticas drásticas adoptadas por exemplo pelos EUA e que geralmente perturbam o mercado global", a China opta por implementar políticas financeiras moderadas, paulatinas e responsáveis, procurando evitar "vibrações selvagens" no mercado interno.
Recorde-se que, em Dezembro do ano passado, a Reserva Federal americana anunciou que pode subir juros, três vezes, durante o ano de 2022, para conter o aumento da inflação, a par de uma aceleração da redução dos estímulos. Já no início deste ano, a acta da primeira reunião da Comissão de Política Monetária revela que a recuperação da economia e o agravamento da inflação poderão levar a uma subida mais rápida ou mais cedo do que se estava à espera das taxas de juro de referência.
"O Fed passou meses a dizer que a inflação era transitória nos Estados Unidos, e que não subiria os juros tão cedo. Na ata de ontem, o banco mudou o tom, e foi muito mais duro que o mercado esperava", comentou Priscila Yazbek, analista de economia da CNN, deixando antever uma política mais agressiva contra a inflação.