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Arábia Saudita vai produzir carros eléctricos, o que não quer dizer que a sua elite os use

As alterações climáticas e o paradoxo dos Estado do Golfo

Para além de quaisquer compromissos assumidos na cimeira do clima de Glasgow, há uma outra convicção, é de que os países ricos em recursos naturais vão tentar a redução da emissão de gases de efeito estufa mantendo o fluxo petrolífero

O ministro da Energia do reino saudita, o príncipe Abdulaziz bin Salman, anunciou em Riade que o país vai fabricar carros eléctricos porque "há que manter todas as opções em aberto".

E é nesta ambivalência que muitos países lidam com a questão do momento, a necessidade urgente de dar respostas às alterações climáticas que tendem a provocar mais e maiores catástrofes naturais de efeito imprevisível, ameaçando modos de vida dados como adquiridos.

E essa ambivalência é maior quando os países são ricos em recursos naturais ou, em especial os países do Golfo, ricos em petróleo e que são dos maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo

Antes da COP26 em Glasgow, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos comprometeram-se a chegar à neutralidade carbónica em 2060 e 2050, respectivamente. Também por estes Estado do deserto arábico estão altamente expostos ao impacto do aquecimento global.

E investem, por isso, milhões e milhões em energia solar, eólica e em hidrogénio num um esforço para se tornarem líderes mundiais em energia limpa.

No entanto, estão condenados ao paradoxo, porque, e ao mesmo tempo que investem massivamente nas energias limpas, continuam a produzir e a distribuir petróleo para manter as suas economias saudáveis e também que é aí que vão buscar dinheiro para investir nas renováveis.

Os Emirados Árabes Unidos já vieram dizer, através da sua ministra do Ambiente, que vão fazer a "transição" mas que não podem "fechar a torneira" do petróleo entenda-se. "À medida que aumentamos a energia limpa e renovável, também reduziremos a produção de petróleo e gás - mas no momento temos ainda a necessidade global" e por isso os Emirados só respondem à procura.

O Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Bahrein são os quatro maiores emissores de carbono per capita do mundo.

No Emirados a electricidade é altamente subsidiada e também por isso há um acentuado crescimento das vendas de veículos eléctricos, no país em que os carregamentos e o estacionamento são gratuitos, no entanto, a classe média e os mais ricos permanecem inseparáveis dos seus SUVs.

O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, que colocou as energias renováveis ??no centro de seu plano para reformar a economia do reino, prometeu gastar 187 mil milhões de dólares para cumprir a meta da descarbonização e delineou um plano para plantar 10 mil milhões de árvores no reino saudita e mais 50 mil milhões em todo o Médio Oriente, mas os académicos ligados ao ambiente torcem o nariz a estas acções tidas mais ou menos como espúrias ou pouco consequentes.

De qualquer forma, os Emirados Árabes Unidos contam actualmente com um dos maiores parques solares do mundo, numa previsão recente, estimou-se que o parque estava apto para fornecer 20% da energia do país até 2030 e 44% por cento até 2050.

A Arábia Saudita, mais atrasada na corrida pelas energias renováveis, comprometeu-se em gerar metade da sua energia através de renováveis até 2030. O reino saudita está muito apostado nas tecnologias que tem a ver com a produção de hidrogénio com uma meta de 4 milhões de toneladas até 2030. E há no reino saudita uma capacidade enorme para responder aos desafios das renováveis, e muito provavelmente será por isso que o ministro da Energia, o príncipe Abdulaziz tenha afirmando "vamos produzir a electricidade mais barata do planeta Terra. Ponto."