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Desconfiança adia entrada das forças da SADC em Moçambique

Tensão entre Moçambique e a África do Sul

O adiamento da entrada força militar conjunta da SADC destacada para combater o terrorismo na província de Cabo Delgado pode estar ligado ao ambiente de desconfiança entre o governo moçambicano e sul-africano, depois da descoberta de uma missão de espionagem sul-africana em Moçambique sem o conhecimento do respectivo governo.

Mas vamos aos factos. A Agência de Segurança de Estado da África do Sul (SSA) suspendeu Robert McBride, responsável de operações internacionais, em virtude de uma missão secreta realizada em Moçambique sem a anuência das autoridades locais. A suspensão da importante figura da "secreta" preencheu as manchetes de diversos órgãos de imprensa sul-africanos, entre eles o jornal TimesLev, depois da confirmação dada pelo porta-voz da SSA, Mava Scott, estando, no entanto, relacionado a factos ocorridos em Abril de 2021, quando quatro espiões sul-africanos foram detidos em Moçambique em decorrência de uma operação mal sucedida.

Os agentes secretos da África do Sul foram interceptados e detidos em Cabo Delgado, norte do território, quando tentavam recolher informações sobre a insurgência jihadista na região, facto ocorrido depois do abate de um drone sul-africano pelas forças de segurança moçambicanas, o que terá deixado os espiões do país vizinho sem comunicação com Pretória.

A referida missão secreta, terá sido aprovada por Robert McBride, supostamente sem o conhecimento das autoridades moçambicanas, contrariando o estabelecido pelo protocolo operacional existente entre os dois países, que exige que Maputo seja notificado sobre as actividades dos agentes secretos da África do Sul no país do Índico. Uma intervenção directa da ministra da Segurança de Estado sul-africana, Ayanda Dlodlo, junto das autoridades moçambicanas, permitiu a libertação dos quatro espiões.

Já tinha acontecido

O episódio recente traz à memória, factos ocorridos há 23 anos quando em 9 de Março de 1998, Robert McBride, na condição de funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da África
do Sul, foi detido pela polícia moçambicana pelo envolvimento numa alegada missão de averiguação de contrabando de armas de Moçambique para a África do Sul. O actual responsável da "secreta" sul-africana agora suspenso, foi provisoriamente libertado a 14 de Setembro do referido ano, seis meses depois, sem ser acusado, por ter excedido o prazo legal para a detenção.

Acredita-se que a visita do presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, a Moçambique em Abril deste ano, juntamente com a ministra da Segurança, inicialmente justificada pelos ataques terroristas ocorridos em Março, à vila de Palma, em Cabo Delgado, tivesse como verdadeiro pano de fundo a prestação de explicações formais sobre a actuação ilegal dos espiões e, provavelmente, um pedido de desculpas a nível de chefes de Estado.

(Leia o artigo integral na edição 634 do Expansão, de sexta-feira, dia 23 de Julho de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)