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EUA em default em Junho se tecto da dívida não aumentar

MERCADOS RECEIAM DESCIDA DE RATING DE CRÉDITO COMO ACONTECEU EM 2011 NA ADMINISTRAÇÃO OBAMA

O líder da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, não fechou a porta à subida do tecto da dívida, para evitar um default "potencialmente catastrófico" para os EUA, mas fez depender o apoio dos republicanos de cortes na despesa. Incumprimento e novo aumento das taxas tem efeito cascata nas economias mais endividadas.

A Câmara dos Representantes do Congresso americano discute uma proposta de aumento do limite da dívida do governo federal, de 31,4 biliões USD, para evitar o incumprimento a partir de 5 de Junho, segundo previsão do Departamento do Tesouro, mas o atraso na tomada de decisão está a assustar os mercados, por receio de descida no rating de crédito dos EUA.

A proposta de aumento do limite de endividamento dos EUA está a ser discutida num contexto económico adverso, um mês depois de a falência de dois bancos, o Silicon Valley e o Signature, lançar o alarme no sistema financeiro nacional. O contexto de inflação alta e juros ascendentes atirou muitos americanos para o incumprimento, obrigando os bancos a aumentar as provisões para perdas de crédito no primeiro trimestre do ano.

Uma nova subida na taxa de juro poderá complicar ainda mais as contas. A expectativa é que a Reserva Federal aumente os juros em 0,25 pp na sua reunião de 2 e 3 de Maio, levando a taxa de juros de referência para a faixa de 5,00% a 5,25%, um nível não visto desde antes do início da recessão de 2007.

O líder da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, não fechou a porta à aprovação do aumento do tecto da dívida federal, para evitar um default "potencialmente catastrófico" para os EUA, mas fez depender os votos dos republicanos na câmara baixa do parlamento de cortes nas despesas para os níveis de 2022 e de mudanças na agenda do Presidente Joe Biden. Em Dezembro de 2021, os democratas aprovaram o aumento do limite máximo da dívida, em 2,5 biliões USD, para os 31,4 biliões USD, tecto atingido a 19 de Janeiro deste ano, o que obrigou o Tesouro a financiar o governo, numa base temporária, com "medidas extraordinárias", recurso que acaba no final do ano, como refere a "Lei de Prevenção de Default", apresentada pelos republicanos.

Efeito em cascata

O corte na despesa proposto pelos republicanos não toca nos programas de reforma e cuidados de saúde da Segurança Social e no Medicare e não reduz as despesas militares. Mas também não admite aumentos nos impostos sobre as empresas e as fortunas, como propõe a Casa Branca. O receio é que a ausência de uma proposta de orçamento dos republicanos, que sirva como base de negociação, dificulte o debate e arraste uma tomada de decisão, o que poderá gerar perturbações na maior economia do mundo, com efeito cascata sobre as economias mais pressionadas pela dívida externa denominada em dólares.

O impasse na votação está também a causar alarme entre os investidores que temem uma diminuição do rating de crédito dos EUA, como aconteceu em 2011, quando Biden era vice- -presidente na Administração Obama. "Um indicador baseado no mercado do risco de incumprimento dos EUA é o mais elevado desde 2012, e subiu acentuadamente este ano à medida que o debate sobre o limite máximo da dívida se intensificou em Washington", escreve a Reuters.

Quando Donald Trump foi Presidente, o limite da dívida foi aumentado três vezes com o apoio dos republicanos e a dívida nacional aumentou em 8 biliões USD. Os cortes fiscais feitos pela anterior Administração, em 2017, e os biliões de ajuda aprovados durante a pandemia, segundo a Casa Branca, deixaram uma herança pesada de encargos que obriga novamente a mexer no limite da dívida.

"A maior ameaça"

Num discurso alarmista, Kevin McCarthy deixou claro que a dívida nacional "é a maior ameaça" ao futuro dos EUA e "está a piorar". A dívida atingiu os 31,4 biliões USD, superando em 20% o "tamanho de toda a economia americana", um "fardo maior" do que "em qualquer altura desde a II Guerra Mundial".

(Leia o artigo integral na edição 721 do Expansão, desta sexta-feira, dia 21 de Abril de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)