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Mundo

Quatro dos cinco maiores fabricantes de automóveis do mundo não assumem acordo da COP26

COP26, Glasgow, Escócia

China, Estados Unidos e Alemanha, os mais relevantes mercados do mundo do sector, estão também ausentes do compromisso

A ideia é que até 2040 a maior parte dos carros deixe de ser emissor de gases de efeito estufa, dito de outra forma, que deixem de usar combustíveis fósseis. É mais um acordo da cimeira do clima de Glasgow, a COP26, que conta com o apoio de centenas de autoridades locais e regionais mas não tem o apoio de quatro dos cinco maiores fabricantes de automóveis e três dos principais mercados do sector estão também de fora.

A promessa foi anunciada esta semana, em Glasgow, cobre cerca um quarto dos carros do mundo e é apoiada por fabricantes como a Daimler, Ford, General Motors e chinesa BYD, bem como pelos governos como Canadá e Chile. No entanto, apesar de meses de pressão do Reino Unido, quatro dos cinco maiores fabricantes do mundo ficaram de fora, e falamos da Volkswagen, Toyota, a aliança Renault-Nissan e Hyundai-Kia.

A China, maior mercado de automóveis do mundo, não assinou. Os Estados Unidos, o segundo maior, é outro dos ausentes do acordo, embora alguns estados como Califórnia, Nova York e Washington tenham apoiado o acordo da COP26, bem como cidades como Dallas, Charleston, Atlanta e Seattle. São Paulo no Brasil e Buenos Aires na Argentina também aderiram ao compromisso.

O acordo compromete os signatários a encerrar a venda de carros novos que produzem emissões em "mercados líderes" até 2035 e globalmente até 2040.

A LeasePlan, maior empresa de leasing de automóveis do mundo, também aderiu, e a Uber comprometeu-se a descarbonizar a sua frota até 2030.

O presidente da Daimler, Ola Kallenius, a fábrica alemã com sede em Estugarda, considera que "algo tem de ser feito e pode ser feito" e desvaloriza a não participação no acordo de outros dois gigantes alemães do sector automóvel, a BMW e a VW (Volkswagen), e mesmo do governo alemão.

"Cada empresa tem que fazer as suas próprias escolhas, mas todas as congéneres que conheço estão a avançar a um ritmo muito rápido", para a produzirem automóveis não poluidores, adiantou Kallenius, em declarações ao Financial Times, e ainda acrescentou: "existem muito poucos países que investem tanto dinheiro, recursos ou inteligência na transformação da indústria automobilística como os alemães".

Recorde-se que do Grupo Daimler faz parte a Mercedes-Benz, que já tinha assumido compromissos no mesmo sentido, mesmo sublinhando que o fará, se viável, até 2030, na mesma linha estão outras grandes marcas como Jaguar Land Rover ou Volvo Cars, que também já estabeleceram cronogramas para a produção de carros eclétricos de uma forma cada vez mais acentuada.

A recomendação dos veículos eléctricos da COP26 é, de acordo com o secretário dos Transportes do governo britânico, "um ponto de viragem na transição para um transporte rodoviário limpo" e o princípio do fim do motor de combustão interna.

No entanto, os activistas ambientais, não se mostraram nada efusivos quanto a este acordo. "Para que este anúncio tenha alguma credibilidade, era preciso que todos os principais países fabricantes de automóveis do mundo fizessem parte dele, incluindo a Alemanha e os Estados Unidos", disse Juan Pablo Osornio, chefe da delegação do Greenpeace na COP26.

Num acordo em separado, os fabricantes de camiões presentes na COP26, incluindo a Scania e operadores de frotas como a DHL, também se comprometeram, até 2040, com novos veículos não produzam emissões de CO2. Mas, e mais uma vez, também este compromisso não teve o apoio dos Estados Unidos.