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Opinião

Crescimento e emprego: o que se pode esperar até 2030?

LABORATÓRIO ECONÓMICO

Os inícios de cada ano são propícios e convidativos para as previsões, numa tentativa de perscrutar o futuro e reduzir a incerteza que rodeia as decisões macro e microeconómicas.

Porém, é difícil prever os comportamentos económicos de cada país, não só devido à incidência de factores imprevisíveis (catástrofes, guerras, modificação violenta de regimes políticos), como ao facto de a Economia ser uma ciência social, como tal sujeita à incidência de factores psicológicos característicos dos agentes económicos, seres humanos por natureza para quem muitas vezes 2+2 podem não ser 4. É o ponto de vista de Keynes ao referir-se ao "animal spitits", no sentido de a confiança ou a falta da mesma poderem influenciar o crescimento económico. Mas, apesar destes engulhos, os economistas insistem em proceder à feitura do exercício de "adivinhação" do futuro e os políticos não os desdenham por dos mesmos poderem retirar vantagens propagandísticas para a sua permanência no poder.

O Fundo Monetário Internacional é talvez a instituição que mais sonda o futuro económico dos países. Mas também o Banco Mundial, enquanto maiores instituições internacionais preocupadas com o desenvolvimento económico e com as incidências sobre os equilíbrios macroeconómicos e monetários resultantes dos desequilíbrios internos em cada país.

O que se deslinda para a economia angolana para os próximos 30 anos?

Foram seleccionados três pontos de vista: o do FMI, o do Governo Angolano e o do CEIC-UCAN, neste caso aplicando o modelo macroeconómico denominado MODUCAN. O modelo do CEIC é do tipo IS-LM-BP, através do qual se liga, articulando-os entre si, a parte real e a parte monetária do sistema económico. A construção deste instrumento de previsão foi possível graças à colaboração com e do CMI, instituição de investigação e de consultoria da Noruega, com quem o CEIC fez parceria durante mais de 10 anos.

Inicie-se esta indagação prospectiva pelas previsões do Fundo Monetário Internacional. Algumas observações e comentários:

a) Fazendo-se um ajustamento econométrico linear 2004/ 2013 - 2027 (longa duração com 23 anos), a taxa tendencial de crescimento médio anual é de apenas 2%, simbolizando a deficiente estrutura de rectaguarda necessária para se alavancarem crescimentos do PIB mais sustentáveis.

b) É certo que entre 2015 e 2020 ocorreram desacelerações significativas nas dinâmicas de variação do PIB, não compensadas nos anos até 2027 (ainda que se tratem de previsões, os seus valores e os respectivos pressupostos comportam já medidas de política e programas entre 2023 e 2027 anunciados pelo Governo e discutidos com o FMI). Esses abrandamentos dos ritmos de crescimento (aliás verificados depois da grande crise económica mundial de 2008/2010) devem-se à falta de investimentos expressivos nas infraestruturas, à retracção do investimento privado (enfaticamente no sector do petróleo e gás), ao deficiente ambiente de negócios (com destaque para o excesso de burocracia) e a um sistema judicial politicamente dependente do poder (retirando-se transparência e celeridade ao seu funcionamento).

c) Uma taxa anual de variação real do PIB de 2% sobre 23 anos pode ser uma boa aproximação, não ao produto potencial da economia nacional (calculado quando os factores de produção apresentem apenas taxas naturais de desemprego ou desutilização), mas à efectiva capacidade de crescimento futuro. Se assim for, coloca-se a necessidade de a deslocar mais para cima, para níveis mais compatíveis com a redução da taxa de pobreza e da taxa de desemprego. E também mais aliciantes para o investimento privado. Para isso, a produtividade e a tecnologia serão elementos determinantes, já que a descoberta de novas fontes de recursos está, actualmente, limitada pela inexistência de capacidade de investigação pura e aplicada.

(Leia o artigo integral na edição 707 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Janeiro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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