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Opinião

Nova era

EDITORIAL

O mundo precisa de referências e os Estados Unidos foram seguramente durante décadas um farol seguro para determinados valores, mas a luz apagou-se. Donald Trump empurrou definitivamente o País para fora da esfera da razoabilidade, do bom senso e da confiança. E muitos dos seus aliados mais fortes e dos seus inimigos ancestrais já perceberam isso. Benvindos a uma nova era....

Bem, agora é a minha vez de pedir alguma calma e bom senso ao Presidente Trump. Se vocês que são empresários, banqueiros ou comerciantes estão incomodados com esta "montanha russa" de medidas que nos chega de Washington, eu, que humildemente faço apenas jornais com a minha equipa, também estou a ficar desesperado. Imaginem que entre o momento que fechamos o jornal e a altura a que chega à sua mesa de trabalho passam 24 horas, mas durante este período acontecem demasiadas coisas. Hoje, quarta-feira, altura em que escrevo este editorial, por exemplo, o preço de petróleo caiu quatro dólares de manhã e subiu sete dólares no final da sessão, porque afinal as taxas para quase todo o mundo estão suspensas por 90 dias.

Este homem, que num dia diz que os países "já estão a lamber- -lhe o rabo", a expressão é dele e não minha, porque querem negociar as taxas, que no outro suspende a aplicação das tarifas, porque afinal está a gerar alguns problemas, que diz e faz coisas que estão completamente arredadas do mínimo de sentido de Estado, que leva os mercados bolsistas a cair e a subir a um ritmo alucinante, não nos está a ajudar. Pois vejam, nós produzimos uma análise cuidada, fazemos um texto bonito, definimos uma estrutura gráfica cuidada, finalizamos a página e, num ápice, ele lá diz ou faz mais uma coisa e nós temos de alterar tudo. Na verdade, estamos todos e em todo o mundo a trabalhar mais, porque as coisas que dávamos como certas, afinal não o são.

Por um lado, ele tem esse poder de mexer com a vida de biliões, mas, por outro, isso acontece porque ainda todos acreditamos naquilo que diz e faz. Com o tempo, e como na história do Pedro e o Lobo, vamos todos acreditando cada vez menos. "Não leves a sério, ele muda de opinião amanhã". Ou, "deixa-o lá que ele é um mentiroso compulsivo". E no dia em que vier mesmo o lobo, o resto do mundo vai encolher os ombros. Mas pode ser essa a estratégia.

Este risco dos Estados Unidos, dos americanos, dos produtos americanos, dos interesses americanos, perderem credibilidade e confiança nos outros países do mundo é, possivelmente, a forma mais rápida para aquele que se considera o maior colosso económico ter um tombo rápido e cair com estrondo. Vocês já repararam que a simpatia pela China está a aumentar nas conversas nas plataformas internacionais, que as pessoas estão a trocar a indignação pela violação dos direitos humanos naquele País por um "também têm coisas muito boas".

O mundo precisa de referências e os Estados Unidos foram seguramente durante décadas um farol seguro para determinados valores, mas a luz apagou-se. Donald Trump empurrou definitivamente o País para fora da esfera da razoabilidade, do bom senso e da confiança. E muitos dos seus aliados mais fortes e dos seus inimigos ancestrais já perceberam isso. Benvindos a uma nova era....

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