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Opinião

A redução do stock das Reservas Internacionais deve merecer uma atenção

MILAGRE OU MIRAGEM?

Num ano eleitoral, quem governa tende a aumentar as despesas por forma a assegurar a manutenção do poder. Esta tem sido a tendência em Angola e em outros contextos. Todavia, a conjuntura mundial exige prudência, uma vez que os países ricos, que acabam por impulsionar o consumo mundial, estão a braços com níveis de inflação nunca experimentados.

Vale relembrar aqui que este aumento de preços nos países ricos se deve aos estímulos dados pelos governos às empresas e famílias durante o pico da crise da pandemia da Covid-19, o que ajudou a manter o consumo quando a pandemia desestabilizou as cadeias de fornecimento reduzindo a oferta, ao choque provocado pela guerra na Europa (Rússia vs Ucrânia) que fez aumentar o preço do barril de petróleo nos mercados internacionais e com isto os custos de transportação e produção em muitos contextos.

No caso de Angola, o discurso político apenas faz menção ao benefício que o aumento do preço do petróleo traz para a economia nacional. Todavia, é importante termos em atenção que Angola apesar de exportar petróleo, é um importador de refinados de petróleo (gasolina, gasóleo, etc). De facto, os dados preliminares do BNA (DES) sobre a importação por categoria de produto, referentes ao 1º Trimestre, mostram que a importação mensal de combustível terá custado cerca de 223,72 milhões USD versus 159,5 milhões USD em 2021.

Os nossos cálculos indicam que o País gastou por mês mais 64 milhões USD no 1º Trimestre, totalizando 192,68 milhões USD. Esses dados ajudam a explicar a pertinência de se dinamizar a indústria petroquímica nacional. Um outro dado interessante é o da classificação económica das importações referentes ao 1º Trimestre. Neste período, a importação de bens de consumo corrente foi 3 vezes mais do que a importação de bens de capital (susceptível de alavancar o sector produtivo).

O que sustenta a nossa posição de que, num ano eleitoral quem governa está muito mais preocupado com o curto prazo (i.e., manutenção do poder). Esta situação permite-nos perceber como, apesar de o preço do petróleo continuar acima, por ex., do preço inscrito no OGE 2022, o stock das reservas internacionais continua a cair desde Maio. O que depois se reflecte na capacidade de Angola manter os seus níveis de importação. Por ex., em Abril o stock das reservas internacionais permitia a Angola importar por 8,4 meses e em Julho baixou para 7,6 meses.

(Leia o artigo integral na edição 683 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Julho de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)