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Opinião

Independentes

EDITORIAL

Somos independentes. E isso não se troca por nada, nem vale a pena querer insinuar que era melhor no tempo colonial. A liberdade não tem preço, a nacionalidade é inegociável, a origem é tudo, somos angolanos.

Estamos a comemorar os 47 anos da nossa independência. Obviamente que nem tudo correu como esperávamos, que nos perdemos entre guerras, vaidades, ambições desmedidas, sonhos que se desapareceram, uns que acham que o País é deles, outros que pensam que nada está bem e que não há nada a fazer. Podíamos ser mais felizes, claro! Podíamos ter um País melhor, com gente mais focada e empenhada, com menos diferenças sociais, como maior justiça na partilha da riqueza, é verdade!

Todos, ou pelo menos muitos dos que conheço, já tivemos momentos de perfeita de desilusão, em que nos apeteceu meter a guitarra no saco e ir cantar para outro lado. Muitos fomos, uns regressaram, outros acho que nunca mais vêm. Também muitos cansaram-se de marchar sem sentido, juntaram os valores e os princípios, trocaram-nos por um punhado de moedas e bem-estar para as famílias, naquele egoísmo muito humano de cada um trata de si. Conheço alguns que se arrependem. Poucos, é verdade, mas conheço!

Não somos todos iguais, não achamos que as mesmas coisas sejam o mais importante, não concordamos em muitas coisas, discutimos, ultrapassamos pela direita, furamos as filas da decência, mentimos com todas as letras, pouco nos preocupamos com o colectivo, temos imensos defeitos, não temos o foco suficiente, deixamos que a preguiça nos vença. Somos angolanos, reconhecemos os nosso erros mas não gostamos que venham de fora dar-nos lições ou querer ensinar-nos as soluções que temos que ser nós a descobrir.

Somos nós. Somos independentes. E isso não se troca por nada, nem vale a pena querer insinuar que era melhor no tempo colonial. A liberdade não tem preço, a nacionalidade é inegociável, a origem é tudo, somos angolanos. Sempre que se aproxima esta data lembro-me do meu pai e de todos aqueles que lutaram nas matas, nas cidades e nas prisões portuguesas por esta bandeira. Do respeito

Faço parte de uma geração que assistiu á independência ainda sem idade para colaborar na sua implantação, que herdou um País e que não foi capaz de transformar esta independência em riqueza e bem-estar para todos. Que hoje está a tentar empurrar o projecto para a frente, que chegou a lugares de decisão e pode influenciar, mesmo, o futuro de Angola. Se cada um fizer o seu melhor, for solidário e inclusivo, isto anda para a frente.

E temos que preparar a geração que vem atrás, os "miúdos" que já nasceram na Angola independente, pois são eles que vão mudar esta mentalidade e esta forma de estar. Acredito muito nisso! Mas isso faz-se com actos, com exemplos de comportamento e não apenas com palavras...