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Opinião

Mudanças importantes

Editorial

O que poderá colocar-se com mais preocupação é esta relação com os investidores americanos, tendo em atenção que as instituições naquele País dão muita importância a esta questão. Mas isso também pode ajudar a que o GAFI seja mais compreensivo connosco.

A questão da possível passagem de Angola para a lista cinzenta do GAFI, obviamente que trará algumas dificuldades, nomeadamente na facilidade de acesso aos bancos correspondentes, na velocidade das transferências internacionais, na capacidade de importar, o que, diga-se, vai ter impacto, possivelmente, na inflação, na captação de investimentos estrangeiros e em alguns projectos estruturantes que estão a ser desenvolvidos.

Mas terá também um lado positivo, pois vai obrigar a acelerar algumas mudanças que tardam em concretizar-se e que, sob esta pressão, vão também andar mais depressa. E falo da questão da titularidade das terras e imóveis, da transparência nas contas públicas, dos hábitos de report e compliance, que, apesar de assumidos, tardam em generalizar-se. Sempre me habituei a que as mudanças importantes do País acabassem por se fazer em momentos de pressão, depois de esgotadas todas as possibilidades de "ir empurrando com a barriga". E estas reformas são fundamentais para o futuro do País.

A concretizar-se, trata-se de um cenário que já estava a ser preparado, como é natural, tendo o governo e as principais instituições financeiras um plano para lidar com essa situação. Também não é o fim do mundo, é apenas um passo atrás, se tivermos em linha de conta que objectivamente houve tempo e condições para cumprir alguns desalinhamentos e implantar medidas que nos pusessem fora desta possibilidade. Mas, diga- -se, que estão hoje nesta lista cinzenta países como a Nigéria, África do Sul, Moçambique, Tanzânia ou Mali.

O que poderá colocar-se com mais preocupação é esta relação com os investidores americanos, tendo em atenção que as instituições naquele País dão muita importância a esta questão. Mas isso também pode ajudar a que o GAFI seja mais compreensivo connosco.

Por um lado, claro, porque, pelo outro, na luta económica que os americanos travam com a China, Angola ocupa hoje um lugar estratégico em África. Não foi por acaso que Joe Biden confirmou a sua vinda ao nosso país, mesmo depois das eleições presidenciais e de já haver um novo presidente eleito, que só tomará posse a 20 de Janeiro de 2025.

Obviamente que com uma vitória de Kamala Harris, os compromissos assumidos serão mais sólidos, mas mesmo com Donald Trump parece-me que Angola não vai perder esse estatuto de "parceiro estratégico". O candidato republicano no mandato anterior como presidente, fez da China o seu principal inimigo.

Se a isto juntarmos o congresso do MPLA, não restam dúvidas que vamos ter um final de ano muito animado e importante para o futuro de todos. Mas não nos esqueçamos que temos mesmo de fazer as reformas que o futuro exige e que serão fundamentais para melhorar a vida de todos os cidadãos!

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