Fomos tomados de assalto no início de Outubro, com o escândalo que abalou toda a geografia política, com a divulgação de nomes de políticos e pessoas com influência económica e política, que detêm património financeiro em paraísos fiscais. Mal não fosse se os citados não pertencessem às mais altas esferas do universo político das sociedades.

Ou seja, justamente aqueles que deveriam velar pelo bem-estar colectivo são aqueles que, não só detêm fortunas, como também as têm no exterior, onde a tributação é questionável, ao passo que aos trabalhadores, membros da classe média, nem sequer lhes é garantida a possibilidade de acumular tamanho capital financeiro devido a algumas políticas draconianas levadas à cabo por boa parte dos citados nos Pandora Papers e que, hoje, estão na linha da frente da governação de certos países, ou pelo menos com capacidade de os influenciar.

Como perceber/digerir tamanho escândalo se aqueles que, supostamente, em nome da Nação, deviam agir em nome do povo têm as suas poupanças em geografias, nas quais o processo tributário, quando comparado com as geografias onde detêm influência, é menos rigoroso.

* Mestre em Economia e docente universitário

(Leia o artigo integral na edição 646 do Expansão, de sexta-feira, dia 15 de Outubro 2021, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)