"Um dos objectivos é provar mais uma vez que a música cantada em português pode romper barreiras"
Transportam a energia da costa africana pelos palcos por onde passam e desejam ver o mundo a cantar em português. Ao Expansão, os irmãos santomenses revelam sentir-se em casa em solo angolano. O duo garante novas músicas em 2026.
Recentemente, voltaram a encantar os angolanos, nas festividades dos 50 anos de Independência de Angola e no Clube S. Que apreciação fazem do público angolano?
Temos um carinho e uma ligação com os angolanos há muitos anos, ainda vivíamos em São Tomé. E essa ligação veio quando Angola foi um dos primeiros países a abraçar a nossa música. Lembramo-nos da primeira vez em que pisamos solo angolano. Fomos a Saurimo, numa época em que tínhamos acabado de lançar as músicas "Tudo por amor", com a participação da cantora Kataleya, assim como as músicas "Vai" e Dá-me, Dá-me. Lembrámo-nos, como se fosse hoje, a primeira vez que cantámos essas músicas aqui em Angola, foi um momento incrível. O público angolano abraçou-nos de tal forma que esse momento ficou marcado na memória até hoje. Temos um carinho enorme por Angola. Por isso é que, todas as vezes que a gente vem, sentimo-nos em casa e agradecemos pelo facto de até hoje o público angolano estar connosco. E, de certa forma, também representamos um pouco de Angola lá fora, cada vez que falamos da lusofonia, dos países PALOP. Então, Angola está nos nossos corações.
Com mais de 15 anos de carreira, como é que olham para o vosso percurso?
Todas as coisas, para terem ou fazerem sucesso e terem uma base sólida, é necessário tempo. 15 anos de carreira, aliás, há uma parte da nossa carreira que não contabilizamos, porque ainda não sabíamos se era realmente a música que íamos seguir. Mas a música falou mais forte. Contudo, são 15 anos de muita luta, todos os dias. De preparação, de organização, desse empenho para criar uma base sólida. E, através dessa base, veio tudo o resto. Por isso, aproveitamos para dizer a todas as pessoas que estão a começar as suas carreiras hoje, devem colocar na cabeça que, independentemente da área onde estão, é necessário muito trabalho e é preciso ter paciência. Porque todas as coisas boas vêm com o tempo. Então, são 15 anos de muitas coisas boas.
Quando cantam "A Nossa Vez", o que significa?
É a nossa vez de concretizar um sonho. A nossa vez de concretizar aquilo que sempre queríamos quando éramos miúdos. É a nossa vez também de virmos de um país onde coisas feitas como as que fizemos hoje eram vistas como impossíveis. E nós quebrarmos essa barreira. E a música A Nossa Vez veio realmente para mostrar que é a nossa vez. Todos nós temos uma Nossa Vez. A nossa vez quando damos um abraço às pessoas que amamos mais, aos que nos amam, à nossa família. E tinha de chegar, claro, a Nossa Vez.
Consideram que continuam a viver a "Vossa Vez"?
Todos os dias actualizamos essa Nossa Vez. Há sempre alguma coisa nova que acontece na nossa vida, ou quando acordamos temos a nossa vez de fazer a diferença. E todos os dias podemos fazer a diferença. Em todos os países africanos, onde a língua portuguesa está conectada e nos liga, podemos fazer diferente. Independentemente daquele que seja o governo, do nosso seio familiar, o que não fazem, nós temos de interiorizar e começar por nós, ou seja, começar a fazer essa mudança dentro de nós. E todos os dias de manhã a gente renova isso. Renova os propósitos, renova os planos. Então, a Nossa Vez pode ser actualizada todos os dias.
O amarelo, o que significa para vocês?
O amarelo é o sol. Nós crescemos ao pé do sol, ao pé do mar. Crescemos na felicidade. O amarelo tem um significado muito importante para nós. Quando íamos ao mato, à selva, à procura de jaca, manga, as frutas da nossa terra, encontrávamos o amarelo. O amarelo sempre esteve presente nas nossas vidas como algo super positivo. E as pessoas podem ver que nas nossas músicas conseguimos pintar as melodias com o amarelo. E isso reflecte um bocado de onde nós viemos.
Leia o artigo integral na edição 855 do Expansão, sexta-feira, dia 05 de Dezembro de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)















