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"Mercado angolano de arte, como tal, vai se formando aos poucos"

ADÃO MUSSUNGO

O artista assume que vive inteiramente da arte e continua a lutar para não precisar mudar esta rota. Disse que já existe produção cultural nacional, mas falta cumprir determinados desafios para termos um mercado que a escoe.

O quotidiano angolano continua a ser a sua inspiração?

Tem sido inevitável pintar o quotidiano angolano por ser muito inspirador. Lógico procuramos filtrar para representar o belo.

E não deixa de parte a pintura surrealista, procurando apresentar para o público o potencial cultural angolano?

Realmente. O nosso contexto quase surreal faz parte da minha essência, eu acredito muito nos sonhos, naquele conceito de que somos ricos, e procuro através da pintura fortalecer esta ideia. Mas também procuro não me apegar aos estilos, procuro ser versátil, sou muito da inspiração de momento ou do que estiver a vivenciar.

Qual das técnicas prefere: a de pintor, desenhador, ilustrador ou designer?

Sinto-me melhor sendo pintor, porque me sinto mais solto. Mais solto, por via de um pincel, de um marcador ou um lápis de cor e vou-me soltando. É o coordenador da Brigada de Jovens Artistas Plásticos.

Como olha para a actual geração de artistas plásticos?

Como coordenador da BJAP, sinto como um dever cumprido, um legado passado. Enquanto artista, frequentei o atelier de Marcela Costa, António Ngonga, Van, Etona, António Ole. Esta geração de mestres passou o seu testemunho e hoje vejo que aprendemos a lição e temos sabido mostrar ao mundo a dimensão artística e cultural.

Mas em contextos diferentes?

Sim. Antes eram cores tristes, em função do contexto. Hoje, pelas mãos da nova geração, não só os associados à Brigada, vemos cores alegres, um colorido enorme. Vejo que temos sabido transmitir a experiência que fomos bebendo da geração anterior.

Uma quantidade aliada à qualidade?

Nas artes, a qualidade vem com o tempo. Os jovens têm sabido distinguir-se, já outros, depois da formação, percebem que não há vocação para isto. Porque o artista já nasce com aptidões.

E já há mercado?

Mercado angolano, como tal, vai-se formando aos poucos. Ainda nos falta cultura. Ainda não existe um circuito artístico angolano ou uma feira internacional de Luanda. Temos ausência de galerias, salas, espaços onde podemos mostrar os nossos trabalhos.

A feira pode ser em Luanda, como em qualquer província?

O desafio, na verdade, é extensivo a Angola . Enquanto coordenador da Brigada, as experiências que tive fora de Luanda foram boas. Tive contacto com jovens, como o Silvestre Quizembe, que veio do Uige e passou uma temporada no atelier de um dos mestres e depois de passar pela Brigada realizou uma exposição no Camões e foi desafiado para fazer uma formação em Lisboa.

(Leia o artigo integral na edição 657 do Expansão, de sexta-feira, dia 14 de Janeiro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)