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Luibor em máximos desde Novembro de 2019

CRÉDITO ESTÁ MAIS CARO NO SISTEMA BANCÁRIO

O aumento da Luibor sinaliza que os bancos que têm mais liquidez estão a emprestar, no mercado interbancário, a preços mais altos aos que não têm liquidez. Normalmente, quando alguém vai ao banco pedir crédito, a instituição bancária cobra-lhe uma taxa Luibor mais uma margem que depende do risco desse cliente. Com este aumento o crédito fica mais caro e é mais escasso.

Os empréstimos bancários a particulares e empresas têm estado a ficar mais caros com a subida da taxa de referência para o crédito interbancário, a Luibor, que atingiu recentemente a taxa mais alto desde Novembro de 2019, o que significa que crédito está hoje mais caro, dando margem para o aumento do malparado.

Na base está o facto de os bancos com insuficiência de liquidez de curto prazo recorreram ao interbancário e terem pouca capacidade de negociar taxas mais baixas, e os que tinham mais liquidez, os maiores bancos, praticarem taxas mais altas. A isto é associado o facto de, no final do ano passado, o Banco Nacional de Angola (BNA) ter retirado a taxa de custódia sobre o excesso de reservas livres das instituições bancárias, bem como pelo último aumento do coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional, que, de certa forma, acaba por retirar alguma liquidez à economia.

Tal como defende o economista Wilson Chimoco, "a retirada da taxa de custódia em Novembro de 2023, e o aumento do coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional de 18% para 20%", são os factores que têm influenciado a subida das taxas LUIBOR.

"Não, não há falta de liquidez. E basta ver que neste período houve um aumento das reservas excedentárias dos bancos comerciais junto do BNA. O que existe é uma concentração da liquidez, que tinha reduzido com a introdução da taxa de custódia", disse Wilson Chimoco, acrescentando que o mercado está a responder, positivamente, à política monetária do BNA.

O economista Mateus Maquiadi também entende que não há falta de liquidez, afirmando que o mercado continua líquido, uma vez que se tem registado crescimento de agregados monetários, nomeadamente as reservas livres. Para Maquiai, o que levou a Luibor a escalar no mês passado foi um problema de escassez de liquidez no curto prazo por parte de bancos mais pequenos, e isso tem levado a Luibor a negociar mesmo no mercado monetário interbancário.

Assim, o economista entende que a subida da Luibor, sobretudo, a overnight, sinaliza que a liquidez de curto prazo está mais cara. "Poderia sinalizar também falta de liquidez, mas não é esse o caso. A questão é que a Luibor subiu bastante em curto espaço de tempo naquela altura em que o MinFin fez vendas de divisas bastante relevantes, mas houve uma pausa no movimento da Luibor e para regressar mais para baixo leva muito tempo. Eu diria que a Luibor está onde deveria estar numa altura em que a inflação continua cada vez mais alta", reforçou.

Esta quarta-feira, a Luibor overnight (a taxa de juro usada pelos bancos para remunerar empréstimos interbancários de curto prazo, feitos à noite, no chamado mercado overnight) fixou-se em 22,90%, a taxa mais alta desde finais de 2019, em comparação com Janeiro deste ano, em que registava as mais baixas desde que há registos, ao atingir os 4,0%. No dia 11 de Abril, a overnight atingiu os 25,4%, a segunda mais alta desde 2017. Já as taxas a três e nove meses estavam em 9,85% e 11,97%, respectivamente, hoje estão a 12,38% e 19,35%.

A Luibor (acrónimo inglês de Taxa Interbancária de Oferta de Fundos do Mercado de Luanda) é a taxa que os bancos cobram quando emprestam dinheiro entre si, além de servir de referência para o crédito a clientes. Isto é, se a taxa básica serve de referência às taxas Luibor, estas servem de referência às taxas de juro de crédito a clientes. As taxas Luibor variam em função das maturidades, nomeadamente, de 1 dia (overnight) até 12 meses. Normalmente, quando alguém vai ao banco pedir crédito, a instituição bancária cobra-lhe uma taxa Luibor mais uma margem que depende do risco desse cliente.

Assim, as pessoas que adquiriram um empréstimo bancário, a um certo período, em que a taxa Luibor estava mais baixa, hoje com aumento da taxa estão a pagar prestações mais altas do que, por exemplo, em Janeiro. Entretanto, o contexto macroeconómico continua a ser desafiador, já que a taxa de inflação tem estado a crescer, a atingir os 26,09% em termos homólogos em Março, o que acompanhado do aumento do preço do gasóleo e das dificuldades de acesso a divisas pode pressionar os preços nos próximos tempos, tornando a vida das famílias mais difíceis, o que abre espaço para incumprimentos, pressionado assim o crédito malparado.

Leia o artigo integral na edição 773 do Expansão, de sexta-feira, dia 26 de Abril de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)