"Quando não há alinhamento, temos casais a competirem em casa"
O interesse em finanças pessoais surgiu quando ingressou no mercado de trabalho, ao perceber que quanto mais organizada financeiramente era uma pessoa, melhor era o seu bem-estar, independentemente do valor do seu salário.
O que motivou o lançamento do livro "Mais que dinheiro! O guia ideal de finanças para casais"?
Na verdade, após publicar regularmente artigos online voltados para a educação financeira, e fazer diversas sessões de aconselhamento para casais, escrever um livro tornou-se um passo natural a seguir. E um dos meus objectivos para este ano era tê-lo publicado.
Como surgiu esta necessidade?
A vontade surgiu da observação da necessidade urgente da abordagem deste tema entre os casais angolanos e não só, já que o dinheiro é visto muitas vezes como um grande vilão nos relacionamentos e uma das maiores causas de separação em todo mundo. Todos nós viemos de diferentes realidades, diferentes níveis de educação, diferentes meios e muitas vezes juntar todas essas diferenças e conseguir falar sobre dinheiro pode ser complexo. Portanto a ideia foi preparar um conteúdo que servisse como um guia prático e realista para ajudar os casais a ultrapassarem esses desafios, que muitas vezes têm uma origem mais profunda do que apenas as diferenças de opinião sobre o dinheiro.
Porquê "para casais"?
Porque o casal é a base da família e esta a base da sociedade, se o casal estiver alinhado relativamente às suas finanças, a qualidade de vida da família será melhor, serão pessoas a remar na mesma direcção e a ter uma maior atenção para o que acrescenta ou atrapalha a sua vida financeira. De contrário, quando não há este alinhamento muitas vezes temos casais a competirem dentro de casa e não conseguem criar uma prosperidade no seu lar.
Qual é o propósito do livro?
É o de tornar o dinheiro num aliado na relação de todos os casais e não um ponto de tensão, permitindo que o casal aprenda a conversar abertamente sobre as suas diferenças financeiras.
Em que estágio está o casal que serve de modelo para o livro?
O livro está escrito como uma conversa entre mim e um casal e passa pelas diferentes fases ou estágios de um relacionamento; namoro, noivado, vida real a dois, filhos, reforma. O livro aborda o papel do dinheiro em cada uma dessas fases com exemplos práticos do dia-a-dia e tarefas para os casais implementarem nas suas vidas e para explorarem temas que podem considerar complicados.
Quais são as maiores dificuldades registadas entre os casais?
As maiores dificuldades que afectam casais em todo mundo são aparentemente simples, mas têm o poder de minar a qualidade de vida da família se não forem resolvidas. Questões como a divisão das contas a pagar, objectivos e prioridades, ajuda financeira a familiares, compras ou dinheiro escondido são, muitas vezes, sintomas da chamada "traição financeira" são alguns dos problemas que os casais apresentam.
E as questões culturais?
Em Angola temos ainda o agravante das questões culturais e interferências familiares na vida e escolhas financeiras do casal.
Consegue identificar casais com uma educação financeira mais desenvolvida?
Já existem casais no nosso País que implementam os princípios partilhados no livro "Mais que Dinheiro! O Guia Ideal de Finanças para casais" e encontram um equilíbrio, sabem escolher o que cabe no seu orçamento em cada momento. Existe agora um ditado que aparece muito nas redes sociais - "Pobre organizado parece rico". É um reflexo da educação financeira nos casais. Eu mesma sou o reflexo de todos os princípios partilhados no livro, pois tenho-os aplicado na minha vida pessoal com excelentes resultados.
Qual é a razão por trás de tantas discussões sobre o dinheiro?
Existem muitas variáveis que afectam a falta de entendimento num casal relativamente às finanças, sendo as principais a falta de comunicação, a educação e crenças diferentes. Partilho um exemplo muito simples, se a mulher foi ensinada que não deve colocar o seu dinheiro dentro de casa e o marido que não deve partilhar os seus rendimentos com a esposa, como este casal se vai entender?
Como é que um casal pode realizar os projectos individuais e colectivos?
O princípio é sempre uma conversa aberta.
Uma questão de prioridades?
Os dois devem estabelecer prioridades, chegar a um acordo sobre o que realizar primeiro, entre os individuais ou colectivos, tendo sempre o cuidado para que não se anulem um pelo outro. A seguir é necessário quantificar, saber quanto vai custar este objectivo e verificar se está de acordo com a linha de rendimentos do casal. Depois é preciso cortar este objectivo "às fatias" e estabelecer metas até à sua concretização, estruturando a sua vida financeira ao redor das metas.
(Leia o artigo integral na edição 699 do Expansão, de sexta-feira, dia 04 de Novembro de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)