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"A nossa arte é enteada do Ministério da Cultura"

BETO CASSUA - DIRECTOR DE TEATRO E CRIADOR DE CONTEÚDO AUDIOVISUAL

Beto Cassua é conhecido como o pai do mediático espectáculo de teatro "Kamba Mbiji" com mais de 20 anos de sucesso. É funcionário reformado do Ministério da Educação. Foi um exímio jogador de basquete e mais tarde transferiu-se para o teatro, onde já conta com 35 anos de experiência. Nos últimos tempos tem vindo a apresentar um novo conceito de estar em palco e de se apresentar ao público.

O Beto é um actor e director de teatro com vários anos de carreira e agora está a fazer um espectáculo mais divertido e descontraída nos palcos. Como podemos classificar o que faz: é stand-up comedy ou é uma outra vertente de fazer teatro?

Eu próprio não sei.

Como assim?

Entrei nesta vertente apenas para fazer diferente e porque não queria ser mais um. Conto as minhas memórias de forma muito particular, desde que me conheci como pessoa até aos dias de hoje.

Então que nome dá ao tipo de arte que faz?

Vamos lá ver, um profissional de stand-up comedy em palco tem de ter o microfone e actua com a roupa que veio de casa, logo, não pode ser o que eu faço. Comediante? Normalmente estes contam anedotas e ficção, e eu não conto anedotas nem ficção, então também não pode ser. Alguns dizem que eu estaria enquadrado na arte dos comediantes e outros acabam por admitir que são "as minhas memórias".

E até aqui ainda não tem uma conclusão...

Não. Prefiro lançar um desafio aos académicos de arte. O País tem muitos estudiosos de arte e penso que são eles que devem dar nome ao que eu faço. Mas há muita discussão na classe artística sobre esta experiência que eu trouxe.

Como é que surgiu a ideia de fazer espetáculos a solo com as suas histórias de vida?

Em conversas com amigos e companheiros de arte, eu contava as minhas histórias de vida. São contos reais e tudo que conto aconteceu mesmo comigo. Então estes amigos começaram a achar muita graça em quase tudo que eu contava, por causa da particularidade das histórias, datas e os nomes dos locais onde aconteceram os factos e as pessoas envolvidas. Vários companheiros do teatro como o Calí, Agnela Barros, Liliana, Sizainga Raúl e outros, desafiaram-me a levar isto para o palco. Então peguei nas memórias, elaborei 32 histórias e comecei a fazer espetáculos.

Considera-se uma pessoa de muitas vivências?

Sim... Tenho muitas vivências. Tenho 62 anos de idade e estou no teatro desde 1989. Foram estas histórias que vivi ao longo da vida e que trago nos espectáculos que estou a fazer agora.

Até ao momento, em todos espetáculos que fez, só apresentou um título "Eu sou feio". Já criou outros ou as histórias acabaram?

Não acabaram. Eu ainda não explorei todas as histórias do título "Eu sou feio". Ainda tenho muitas histórias com este título para contar. O "Eu sou feio" posso explorar durante dois anos porque eu não faço temporadas e Angola é grande.

Depois disto que pretende fazer com este projecto?

Ainda pretendo levar este espetáculo para Angola e outras partes do mundo com expressão portuguesa. Além do título "Eu sou feio", tenho outros contos dramáticos como "Nem sempre sou feio" e as histórias do "Bocás", mas isto vou deixar para outra vertente, quando um dia fizer stand-up comedy.

Nas suas exibições, cita o nome de pessoas e várias datas concretas quando os factos aconteceram. De onde sai esta capacidade de lembrar estes detalhes?

É Deus... É o poder divino. E uso isto para dar mais veracidade às histórias que conto.

Esta é também uma forma que arranjou para galvanizar a sua carreira artística que já leva 35 anos?

Não. Por exemplo, o "Eu sou feio" criei mesmo para levantar a autoestima, porque há pessoas que pensam que são tão feias que não têm valor na sociedade. Logo, eu como artista e mobilizador da sociedade senti-me no direito de dar a cara para dizer que nem todo o feio está perdido, ou ninguém é feio, porque o único bonito foi Jesus Cristo e nós somos imagem e semelhança dele. Então esta coisa de "feio" foi criado pelo homem vergonhoso.

Leia o artigo integral na edição 782 do Expansão, de sexta-feira, dia 28 de Junho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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