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"Estou a obter retornos imensuráveis"

Lúcia Fernandes Stanislas

Empreendedora, mentora e humanista com mais de 20 anos de experiências adquiridas em Angola e nos Estados Unidos (Atlanta e Nova Iorque), Lúcia Fernandes Stanislas constrói estratégias e alianças para promover o desenvolvimento pessoal e organizacional. A partir de Nova Iorque, a autora de "Princípios Para Inovar a Sua Empresa" respondeu a uma entrevista do Expansão que girou em torno da sua visão do empreendedorismo.

Radicada nos EUA, desde os 19 anos, iniciou a sua actividade na McDonalds. Hoje, empreendedora, palestrante, mentora de vários projectos e, agora, autora de um livro. Conta-nos a sua trajectória/ experiência?

É verdade, o meu primeiro emprego foi num McDonalds, embora a minha trajectória tenha iniciado na minha adolescência, quando co-fundei uma ONG, cujo objectivo era ajudar crianças desamparadas nas ruas de Luanda e promover a conscientização sobre o HIV/SIDA. Aos vinte e poucos, comecei a aprender sobre empreendedorismo com mentores e iniciando negócios.

Que negócios iniciou nesta altura?

Lembro-me de ter iniciado pelo menos cinco negócios, em várias indústrias, como importação/exportação, serviços financeiros, imobiliário e prestação de serviços de suporte de negócio. Estes negócios estiveram activos por um determinado tempo. No início da minha terceira década de vida, mudei-me para Nova Iorque, onde desenvolvi negócios na indústria criativa cultural, gerindo uma galeria de artes em Queens, a promover os trabalhos de artistas e organizando exposições de arte em lugares alternativos, em Harlem, dentro do projecto por mim concebido, o Many Tribes One Blood.

E o que se seguiu de lá pra cá?

Depois de três anos, decidi então vir ao País, explorar oportunidades e começar a aplicar todo o meu conhecimento e experiência adquiridas, em Atlanta e Nova Iorque. Foi assim que entrei no sector petrolífero, como consultora na área de desenvolvimento de negócio. Em 2014, comecei a criar um conglomerado de empresas dentro do conceito de "economia de partilha" num espaço denominado Espaço Ujima (que, em swahili, significa responsabilidade e trabalho colectivo). Com a minha equipa, criámos uma cozinha de menus saudáveis e personalizados e um atelier de roupas dentro de um conceito "afropolitano".

Além do Ujima, criou também o Kussokwela e o Dibaka. Qual é a relação destes projectos e o que desenvolveu?

Dentro do espaço Ujima, tive a oportunidade de desenvolver um estilo de liderança que correspondesse a um conjunto de valores, a minha missão e visão como líder empreendedora. No Kussokwela, um projecto criado para mentoria, consultoria, treinamento e capacitação ensaiei metodologias de desenvolvimento de negócio para empreendedores emergentes. Em 2016, comecei a promover programas de capacitação para empreendedores e startups na incubadora Dibaka, no município de Cazenga. E foi mais ou menos nesta altura que comecei também a escrever artigos de opinião, dos quais resultou este livro ...
Após 11 anos de vivência em Atlanta, Geórgia, muda-se para Nova Iorque com apenas 200 USD. A que se deveu essa "aventura"?

Queria respirar novos ares e propor-me a novos desafios. A minha mudança para Nova Iorque reflectiu um processo intuitivo. Na altura, como praticante de capoeira, fui treinar, por 15 dias, esta arte marcial dançada, na academia de um mestre brasileiro, residente em Nova Iorque. De repente, comecei a identificar-me muito com aquela cidade, por sinal bastante energética, cheia de vida e muito diferente de Atlanta. Toda aquela dinâmica cosmopolita me encantou tanto, ao ponto de eu não pensar duas vezes e entrar na "aventura" (risos).

Duas realidades, em todos os níveis, diferentes. Como é o processo de readaptação, quando está em Angola?

Angola é a minha terra natal. Penso que o meu organismo está munido de mecanismos para a readaptação depois de algum tempo fora. Basta sentir o amor da minha família, do meu povo, da minha pátria que tudo entra nos eixos. Costumo dizer "meu povo, minha missão e minha nação, minha visão". Por estas razões, os processos de mudança de geografia, periodicamente, e as readaptações já fazem parte das minhas rotinas.

As inovações que constam na sua obra são aplicadas apenas em empresas nacionais ou em qualquer outra realidade?

Eu escrevi os "Princípios Para Inovar Empresas", pensando primordialmente na dinâmica do mercado angolano, mas obviamente com uma base de conhecimento e experiência adquirida não só em Luanda, mas também em Atlanta e em Nova Iorque. E, por esta razão, acredito que os princípios são extrapoláveis para qualquer outra realidade. Tanto mais é que estou a criar pontes para que o livro entre noutros países dos PALOP e os leitores têm-me aconselhado a traduzi-lo noutras línguas.

Qual é a base do estudo que a fez chegar a essa conclusão (as inovações)?

Para mim, "inovação é fazer coisas novas, enquanto que a criatividade é pensar em coisas novas" (estou a usar esta frase de Theodore Levitt); inovar também significa pensar fora da caixa. Eu, naturalmente, identifico-me com os dois conceitos, inovação e criatividade, por causa da minha experiência de vida.

E que sectores empresarias angolanos mais necessitam destas inovações?

Todos os sectores precisam de fazer coisas novas e pensar em coisas novas, especialmente agora que o mundo inteiro está a mudar devido a pandemia e não só.

(Leia a entrevista integral na edição 637 do Expansão, de sexta-feira, dia 13 de Agosto de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)